quinta-feira, 22 de junho de 2023

CONVERSANDO


 No final da entrevista de Javier Cercas ao Público, que já por aqui referi, o autor diz:

 «A literatura serviu-me para não ser mais perigoso do que aquilo que sou. Sei que escrevo por muitas razões. Gosto do que dizia Beckett: sou escritor porque não sei fazer outra coisa.

Mas acho que, e há muitos casos, a escrita surge de uma carência, de algo essencial que falta, e que se procura na literatura. No meu caso, há algo fundamental que é o desenraizamento. Sou essencialmente um desenraizado. Nasci numa aldeia e aos quatro anos os meus pais levaram-me para um lugar longe onde não conhecia nada. Houve ainda um outro acontecimento, uns anos mais tarde, que me fez perder a fé. A literatura foi para mim um instinto de defesa. Como dizia Pavese, a literatura é uma defesa contra as ofensas da vida. E é também uma forma de vingança.»

Cesare Pavese fez parte da minha educação literária e de que tanto gostei, gosto.

Sei, desde a leitura desta entrevista de Javier Cervas que terei de ler Cervas.

Seve, o nosso habitual viajante, aconselhou-me Os Soldados de Salamina.

Será por aí que começarei.

Repetindo Pavese: «a literatura é uma defesa contra as ofensas da vida.»

 

Legenda: fotografia de Vivian Maier

1 comentário:

Seve disse...

Nunca li nada de Cesare Pavese, mas tenho alguns livros dele-tenho de deitar mãos à obra-.