sexta-feira, 9 de junho de 2023

O OUTRO LADO DAS CAPAS


Em Portugal existiu censura: às imagens, às palavras, ao pensamento.

Em Novembro de 1945, Salazar disse:

«Declaro não ter nunca percebido esta incoerência que ninguém ainda me explicou claramente: por que motivo se exige atenta fiscalização dos géneros deteriorados – o arroz, o bacalhau, a manteiga – e se descura completamente a higiene do espírito, não a aceitando para os baixos sentimentos?

Este livrinho de Papiniano Carlos, Edição de Autor, ao todo constituído por  vinte e três poemas, foi impresso aos 11 de Abril de 1946, na Tipografia da Livraria Progredior no Porto.

No dia 17 de Agosto de 1946, José de Sousa Chaves, actuando como censor do salazarismo determina que:

«Este livro, pela sua índole comunista e pelo seu manifesto derrotismo não deve ser autorizado.»

Só por ignorância e cegueira política o major censor poderia considerar estes poemas de Papiniano Carlos como «derrotismo», porque a esperança de um povo na sua luta contra a pobreza, a injustiça e a exploração,  nunca pode ser considerada como «derrotista.

E assim, três dias depois, a Direcção dos Serviços de Censura, proíbe Estrada Nova.

De entre os poetas censurados pela ditadura, Papiniano Carlos terá sido dos mais castigados. Foi inúmeras vezes preso pela PIDE, pelas actividades políticas ligadas ao Partido Comunista Português.

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