Estrada Nova
Papiniano
Carlos
Capa: Júlio Pomar
Biblioteca
da Censura do jornal Pùblico nº 14
Edição
fac-simile, Junho de 2023-06-09
Libertação
A liberdade ficava para lá
do arame farpado
e do meu corpo fétido, pobre,
roído de chagas, cheio de pús,
com olhos cegos de tanta escuridão!
A sentinelas cinzentas espiavam.
Mas que me importyavam as sentinelas?
Mal me cabia na boca roxa
a língua cortada, grossa, sarrosa,
quando por ela anunciei
que era LIVRE,
e o meu grito espantoso
pôs um arrepio na nuca
de todos os tiranos.
Pasmaram as sentinelas
e o meu cadáver tomou na terra.
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