domingo, 30 de junho de 2013

ANÚNCIOS DAS FESTAS DE LISBOA



Acabaram as Festas dos Santos Populares.
Para o ano haverá mais.
Esperemos bem que sim.
Gosto destes dois anúncios que patrocinaram as Festas da Cidade de Lisboa.

OLHARES


Junho que chega ao fim.
Todos os domingos são lentos.
Chegar ao Alto de Santa Catarina e que há para dizer, para escrever?
Nada!
Apenas olhar o rio a brilhar sob um sol escaldante de Verão, o vai-vem dos cacilheiros, a outra margem. 

30º FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA


Foi há trinta anos que a Companhia de Teatro de Almada (CTA) e Joaquim Benite, seu primeiro Director, de mãos dadas com a Câmara Municipal de Almada, fundaram o Festival Internacional de Teatro de Almada. Em condições materiais muitíssimo modestas, mas com uma ambição cultural do tamanho do mundo, começava, no Pátio Prior do Crato, em Almada Velha, aquele que viria a ser, e é até aos nossos dias, um dos mais prestigiados Festivais Internacionais de Teatro, pela sua qualidade, quantidade de espectáculos, companhias nacionais e estrangeiras, e pelo seu extraordinário público. Começou no Pátio Prior do Crato, quando a liberdade conquistada era uma criança e a cultura era ainda um alimento muito escasso nas classes trabalhadoras.

O Teatro e o Festival rapidamente passaram a constituir projectos estratégicos para o
desenvolvimento cultural da cidade e do concelho de Almada. O Festival ocupa a cidade, praças, escolas, salas de espectáculo, atravessa o rio e está presente no Teatro D. Maria II, Centro Cultural de Belém, no S. Luiz Teatro Municipal, Culturgest, entre outros. Almada, com o seu Festival, apresentando espectáculos de todo o mundo, reforça a ideia da cidade de duas margens, afirma-se no panorama nacional e internacional de cidades de cultura, chega a ser considerada “o Coração do Mundo”.

Nesta trigésima edição consecutiva, com Joaquim Benite presente no nosso coração,
com a competência do novo Director, Rodrigo Francisco, com a capacidade empreendedora e de concretização da CTA, sem Ministério da Cultura mas de novo e sempre com o Município de Almada enquanto pilar institucional determinante desde a primeira edição, teremos uma programação de excelência, pese embora os profundos e injustos cortes financeiros ao Festival e à Companhia decididos pelo Governo.

Neste Festival homenagearemos o seu fundador, o Joaquim Benite, continuando a obra e o feito. Àqueles que conheci há mais de 30 anos, quando comecei na vida autárquica, àqueles que entretanto partiram da nossa companhia – ao Joaquim Benite, ao Virgílio Martinho, ao António Assunção, ao Canto e Castro, entre outros – e a quantos até hoje foram chegando à CTA, prestigiando como seu trabalho e a sua arte o nome de Almada e as suas gentes, quero agradecer reconhecidamente a amizade, a comunhão de sonhos
e ideais realizados, a aventura partilhada com todas as raivas e alegrias que temos vivido, sempre e sempre em busca da Felicidade inatingível.

Ao público do Festival, a todas as companhias e actores, a todos os parceiros desta trigésima edição, à CTA e ao seu Director Rodrigo Francisco, um forte e caloroso aplauso e um grande e muito sincero bem-haja, a todos e cada um de vós.

Viva o Teatro! Viva o 30º Festival Internacional de Teatro de Almada!

Maria Emília Neto de Sousa
Presidente da Câmara Municipal de Almada

Cartaz de Adriana Molder

 (Detalhes e programação em 30ª Festival de Almada).

ESTOU ALÉM



Como mero exercício especulativo, poderemos levar a pensar que António Variações para escrever esta canção, tenha bebido qualquer coisinha em Fernando Pessoa:

Estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir onde eu não vou, porque eu só estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde eu não vou, porque eu só estou bem
aonde não estou.

Pessoa gostava de estar no campo para poder gostar de estar na cidade.

Enrique Vila- Matas, que possivelmente não conhece a canção de António Variações, mas leu Pessoa, no seu Diário Volúvel disserta sobre se há-de viver em Paris ou Nova Iorque.

Sim, irei viver para Paris a pensar – como Pessoa quando estava em Sintra e queria estar em Lisboa, embora quando estivesse em Lisboa quisesse estar em Sintra – que deveria estar a viver em Nova Iorque.

sábado, 29 de junho de 2013

NOTÍCIAS DO CIRCO


PODERÃO DIZER QUE ando a citar, em demasia, o José Pacheco Pereira, mas não há que fugir:

Uma coisa os professores devem ter percebido, como os funcionários públicos perceberão, como os estivadores, ou os trabalhadores dos transportes, já tinham percebido. É que se quiserem resistir à avalanche que lhes caiu e cai em cima, estão sozinhos. A boca cheia da solidariedade é apenas isso, mas cada grupo profissional só pode contar consigo próprio para tentar travar a acentuada desqualificação da sua profissão, o reforço do autoritarismo de proximidade, de chefes e directores, os despedimentos colectivos, o aumento por decreto do horário de trabalho, a violação de todos os contratos e direitos. 

Pode contar com a hostilidade de uma parte da população, acirrada pelos inconvenientes das greves, pelo discurso de guerra civil do governo e por uma comunicação social que, mesmo quando é muito da esquerda festiva e cultural, muito simpática com o folclore dos “indignados”, é hostil às lutas, às greves e aos sindicatos. Um dia, uma análise do grupo profissional dos jornalistas, explicará muito sobre como as fraquezas da profissão originam um dos discursos mais masoquistas, muito próximo do discurso do poder.

 A solidão dos que reagem e não se bastam com manifestações de protesto que a mediatização trivializa, só pode ser invertida se os seus actos forem corajosos, unidos e massivos no âmbito profissional. Ou seja, com risco. Se mostrarem força, terão força e arrastarão consigo solidariedades que nunca terão com protestos “simbólicos”. E terão a simpatia de muitos que ou são indiferentes ou egoístas, porque, nesse momento, então sim, as lutas de resistência à iniquidade destes dias de lixo comunicam entre si. Nessa altura, polícias reconhecer-se-ão nos professores, e pessoal da CP e da Carris nos polícias, os professores nos estivadores, os funcionários públicos nos trabalhadores têxteis, os despedidos de uma fábrica nos reformados, os enfermeiros nos jovens à procura do primeiro emprego e nos desempregados de longa duração. O mundo do trabalho no mundo do trabalho.

DIFICILMENTE; NESTE PAÍS, um outro governo conseguirá, numa só semana, levar com uma greve geral e com a unanimidade do patronato a dizer-lhes, muito clarinho, que são incompetentes.

O ministro da Presidência, Marques Guedes, com aquele ar de idiota que se lhe conhece desde o dia em que, na Assembleia da República, sugeriu que os cães, como a crianças, as mulheres, as árvores, etc., etc., tivessem o seu dia, disse, a meio da tarde do dia da Greve Geral, no final da reunião do Conselho de Ministros:

O país não está parado.

Já na véspera, sua excelência o primeiro-ministro, tinha dito: 

O país precisa menos de greves e mais de trabalho e rigor.

Trabalhadores e patronato dizem, todos os dias, que o caminho que o governo, prossegue está totalmente errado.

Só as luminárias governamentais, mais o inquilino de Belém, teimam em dizer o contrário.

Para voltar a citar Pacheco Pereira: dias de lixo!

QUASE UMA FÁBULA


O homem chegou-se ao pé de mim e perguntou-me, depois de tocar com dois dedos a aba do chapéu:
- Sabe dizer-me o nome desta rua.

Era a Fontes Pereira de Melo.

- O senhor não se importava, era capaz de me escrever isso num papel?

Escrevi na folha arrancada ao caderno de apontamentos: AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO. Enquanto escrevia, o homem contava. Tinha vindo da terra para uma consulta aos olhos e o hospital era ali em baixo. Mas agora estava fechado, de maneira que tinha de voltar noutra altura.

Ele falava, eu escrevia. Numa folha branca. Duas mãos terrosas dobraram a folha em em duas. Dobraram a folha em quatro.

Findo o que o homem me perguntou:

- Diz-me quanto lhe devo pelo seu trabalho?

Caramba! Isto está muito pior do que eu pensava.


Mário Castrim

LIVROS & CARROS, LDA


Em 1990, em cada oito portugueses, um não sabia ler nem escrever.

Provavelmente, os números já não são assim.

Porém, criámos um outro tipo de analfabetismo: as escolas, as universidades, realce maior para as privadas, produziram um outro tipo de analfabetismo, um número incalculável de gente que, apesar de ter um obtido um canudo, alguns em condições que são puros casos de polícia, não ganharam o gosto pela leitura, nem têm curiosidade em continuara a aprender.

Refugiaram-se no mundo das plataformas informáticas – quem não sabe ler vê os bonecos, dizia o Dudu nos idos de 60.

Já José Saramago dizia que a leitura será sempre uma questão de minorias.

O senhor Rui Rio, tem a convicção que, no Porto, haverá quem goste mais de corridas de automóveis do que de livros.

Contou os euros, e viu que não tinha por onde ajudar a realização, este ano, da Feira do Livro.

Quem sou eu para desmentir a sumidade tripeira?

Em todos os seus mandatos evitou sempre investir em cultura, em artes.

Dar-lhe um livro para ler será um insulto.

Um carro é algo bem diferente.

Parece que foi o Eça quem disse que é impossível avaliar a espessura da ignorância lusitana.

DA MINHA GALERIA

Um calor insuportável.
Não é só no Verão que me lembro do Cliff e desse inesquecível Mocidade em Férias.
Mas hoje, mais do que nunca.

QUOTIDIANOS


Um casal, residente em Rio Tinto, Gondomar, pode ser despejado a qualquer momento. Isto porque, desde que ficaram desempregados e deixaram, no início do ano, de conseguir pagar a renda de 300 euros, de uma casa velha, que necessita de obras. Atualmente recebem 320 euros do Rendimento Social de Inserção, mas o dinheiro não chega para criar um filho de três meses, e outro de nove anos.

DEUS TE OIÇA, MINHA MÃE...


Os conselhos das mães, que a Aida aqui colocou, trouxeram-me à lembrança um poema do brasileiro Ascenso Ferreira:

Entra pra dentro, Chiquinha!
Entra pra dentro, Chiquinha!
No caminho que você vai
Você acaba prostituta!
E ela:
- Deus te ouça, minha mãe…
Deus te ouça…

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

OLHAR AS CAPAS


Marilyn Monroe: A Última Sessão

Bert Stern
Notas biográficas Avulsas: Salvato Teles de Menezes
Prefácio: Bernardo Pinto de Almeida
Tradução: José António Freitas e Silva
Capa: Rui Rodrigues
Quetzal Editores, Lisboa Junho de 2011

O desejo de a fotografar devia ter começado há muito tempo. Era simplesmente a semente de uma ideia à espera do seu tempo. Agora, em 1962, tinha suficiente confiança e respeito por mim próprio como fotógrafo para a enfrentar. Tornara-me já mestre na minha arte – a de ver – e estava à altura da sua mestria de ser vista. Era o momento é certo.
Sabia que ela já não se dispunha a fazer muitas sessões fotográficas.
- Vickie, telefone ao agente da Marilyn Monroe e veja se ela posa para mim para a Vogue.
- Que grande ideia!
- E confirme com a Vogue. Veja no artigo deles se alguma vez publicram uma fotografia dela, está bem?
- Vou tratar disso.
- Boas notícias, chefe – disse ela – Sim, sim e não. A Marilyn Monroe diz que sim. A Vogue diz que sim., e não, nunca fizeram nada com ela.
Apanhar Marilyn Monroe sozinha num quarto, sem mais ninguém por ali, e tirar-lhe a roupa toda.
Ninguém conseguia que Marilyn posasse nua desde que Tom Kelly tirara aqueles famosos instantâneos para o calendário. Marilyn em estado puro era o que eu queria, e não via o que é que roupas tinham a ver com isso. Mas, de algum modo, tirar-lhe a roupa fazia para mim tanto sentido como ir ao Egipto e virar uma pirâmide de cima para baixo dentro de um copo de Martini.
Simplesmente não estava a ver como fazê-lo.
Bem, preocupar-me-ia com isso mais tarde.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

BERT STERN (1929-2013)


Bert Stern morreu esta terça-feira, na sua casa de Manhattan, em Nova Iorque, aos 83 anos. Nasceu em Brooklyn em 1929, filho de pai também fotografo. Foi aliás durante o serviço militar, no Japão, que começou a trabalhar como fotógrafo. Com a experiência adquirida viria a conseguir trabalho na revista Look como fotógrafo comercial.

As fotos de Marilyn Monroe, tiradas durante três dias em Junho de 1962, no Hotel Bel-Air de Los Angeles, estão incluídas no livro Marilyn Monroe: The Last Sitting, editado em 2000.

Em várias entrevistas reforçava que tirar fotografias era uma forma de se aproximar de pessoas, de as compreender melhor e de se relacionar com elas de uma forma que não seria possível noutro contexto.
Ao longo da vida fotografou muitas actrizes, mas dizia preferir modelos, porque projectam desejo e é excitante fotografar o desejo. A sua carreira de 50 anos conheceu muitos momentos relevantes para lá de Marilyn, incluindo Jazz on A Summer’s Day, o documentário de 1959 sobre o festival de jazz de Newport de 1958, que foi seleccionado em 1999 pelo americano National Film Registry, em reconhecimento do seu significado histórico.

Nessa linha, em 1955, haveria de tirar uma das suas fotos mais conhecidas: close-up de um copo de Martini no deserto do Egipto, com pirâmide a brilhar ao fundo. A imagem captada no local, com uma equipa de técnicos e modelos, para uma publicidade da vodka Smirnoff foi considerada extremamente inovadora pela simplicidade.

OLHARES


A Casa Sonotone, situa-se no Poço do Borratém, em Lisboa.

Especialista em aparelhos auditivos, existe desde 1935.

O António Colaço, um amigo do meu pai, era surdo.

Com o andar dos anos, a situação foi piorando e recorreu aos especialistas da Casa Sonotone.

De aparelho no ouvido, passados uns dias começou a lamentar-se que tinha entrado num mundo que desconhecia por completo, um vozear que até então lhe tinha passado ao lado, um ruído que o afligia.

Era surdo, mas construíra o seu mundo.

Jack Nicholson, no filme Profissão: Repórter de  Michelangelo Antonioni, conta a seguinte história.

Um cego faz uma operação e começa a ver. Os primeiros anos foram maravilhosos mas, de repente, começou a sentir que o mundo que agora via estava cheia de imperfeições, coisas que não imaginava que existissem e sentiu que não estava preparado para esse novo mundo. A vida tornou-se um pesadelo. Acabou por se suicidar.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O GRITO DO SILÊNCIO


Como te calas, poesia, longamente
deixando-me em silêncio dentro de ti.
Tenho esperado amargurado e triste
por um sinal que faças, despertando,
e nada vem dizer-me do que penso e vivo
na solidão do longe em tempo ou espaço,
onde a tua voz lembrava ou distinguia
memórias ou ideias que o vivido já
lançava como luz no não-vivido ainda,
ou no que dia a dia em terra nos transforma.
Eu sei porque te calas. Não é só
que os anos vão passando e nos despindo
de quanto se imagina ou vai julgando
que importa à ciência vácua de pesar-se
nessa balança de palavras tuas
o não pensado acerca de experiências
tão sem-valia no existir sem ti.
Ah não é só. Inquieta-te outra coisa
como um terror além da solidão.
Tu calas-te de angústia. Aquele país
em que nasceste, e sempre tu quiseste
como teu mundo, ainda que no mundo
sempre hás pensado mais que em mundo teu,
se despedaça: os gritos e estalidos
de um povo e um lar abrindo-se em chagas
de irreparáveis ódios e desastres
(quando tanto sonhas-te vê-los livres,
fraternamente em lutas por destinos
tão desde sempre merecidos na desgraça
de ser-se uma nação sempre dos outros),
atingem-te na face, nos ouvidos,
cobrem-te os olhos de visões sangrentas,
e cruzam na tua boca mãos diversas
que tão contrárias tudo calam. Como
hás-de falar da simples vida humana,
ou do viver-se só do amor perdido?
Mas como hás-de de cantar (cantaste outrora)
de uma revolta agora a desfazer-se
em lutas suicidas que condenas?
Mas que hás-de condenar que não pareça
traição aquilo mesmo que aguardavas?
E que aguardavas tu nessa ilusão
de que uma paz é quanto prevalece,
se se abrem de uma vez as portas todas
a mais que à liberdade, a quanto é fúria cega,
ou é sonhar-se negramente a vida
como revolução dos impossíveis?
Eu sei que não tens medo. Mas, perplexa,
recusas misturar-te a uma desordem
em que todos se perdem. Todavia,
é teu dever gritar além os gritos.
Ao menos grita o teu protesto agudo.
O grito do silêncio que te amarra.
A liberdade, a paz, a ordem necessária
a que um país resista ao próprio mal
que leva no seu sangue secular.
Grita por isso a voz do teu silêncio.
Não pela História que as nações inventam.
Mas pelo povo que se esquece inteiro
de que viver-se povo e ser-se povo é mais
que apenas desejar-se morte e sombras,
em nome seja do que for. Ah grita:
importa pouco se te escuta alguém,
no redemoinho tenso da surdez danada.
Porque há-de haver quem ouça, ainda há-de haver
quem ouça. E pouco a pouco pode ser
que o ter ouvido seja como as águas sobem,
cobrindo tudo num cansaço enorme
por essas mesmas águas consumido.
Que as águas venham límpidas, lavando
este veneno antigo do fascismo vil
que nos pensou desordem quando livres fôssemos.
Que as águas venham para a terra seca
em séculos de glória e mesquinhez,
e em décadas de medo e de vergonha.
Tão seca há-de bebê-las. E a verdura
virá de verde recobri-la toda
(como à maldade como somos duros
de tanto ter bebido sangue humano),
trazendo sobre si aquele mundo
em que mesmo dos ódios se construa a casa
para um só povo que dos ódios faça
o espaço e o tempo de existir tranquilo,
com toda a raiva de viver que sempre
fez que viver nos fosse sendo a vida.



Santa Bárbara, 19/10/75
(aniversário de um dia sangrento da história portuguesa).

Jorge de Sena em 40 Anos de Servidão, Moraes Editores Lisboa Setembro de 1982

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

POSTAIS SEM SELO

A Vida não tem cura.

James Gandolfini na pele de Tony Soprano. 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

BASTA!


  
GREVE GERAL

Para que Pedro Passos Coelho, hipocritamente, não possa continuar a dizer:

Há um divórcio muito grande entre o que se diz no espaço público e o sentimento dos portugueses e recomendo aos mais impacientes para não confundirem os seus desejos com a vontade do país.

NOVOS ESTATUTOS


Depois das lutas no tempo de Salazar e Caetano, os trabalhadores do Comércio pensavam que muito coisa iria mudar.
Mudou.
Mas durou pouco.

QUOTIDIANOS


Há dois meses que um casal vive numa garagem de seis por três metros, situada dois andares abaixo do chão, sem luz, sem água e sem qualquer entrada directa de ar, em Famalicão.

Ambos estão desempregados.

Sem direito a qualquer Rendimento Social de Inserção, a vida deste casal está embalada em meia dúzia de sacos e alguns caixotes. No chão da garagem, pela qual pagam uma renda mensal de 45 euros, está o colchão onde dormem.

Casa de banho só no Leclerc e no Jumbo, os dois supermercados que ficam perto da
Garagem onde vivem.

Imagem do Jornal de Notícias.

É QUANDO UM HOMEM QUISER!


Disse ontem que o Natal está a meia dúzia de meses de chegar.
A semana passada o Luís visitou-nos, e trouxe-me um bonito prato de Natal.
O primeiro Bolo-Rei que entrar na casa encontrará este prato.
Os gostadores do Natal são assim.

Porque, em qualquer tempo, quem faz o Natal são os amigos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

OLHAR AS CAPAS


Desescrita

Maria Velho da Costa
Capa: Cristina Braga da Cruz
Edições Afrontamento, Porto Junho de 1973

RECORDISTA A PÉ ATÉ FÁTIMA


Recorte do Diário de Lisboa de 25 de Junho de 1983.

ESTÁ QUASE A CHEGAR!


De hoje a seis meses continuaremos em crise, talvez ainda pior do que estamos hoje, mas uma coisa é certa e atenua o peso que nos sufoca: é Natal.
Por princípios de Dezembro retomo os meus passos: escolher os postais para mandar à família e aos amigos, comprar os selos, colocar os envelopes num marco do correio.
Nada de modernices: mails, sms, facebook.
Tudo à antiga, como há muito tempo me ensinaram e quero manter pelos tempos fora.
Até lá!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

OLHAR AS CAPAS


Era Uma Vez Um Alferes

Mário de Carvalho
Capa: Jorge Colombo
Colecção A Hora do Lobo nº 4
Edições Rolim, Lisboa Novembro de 1984

Mias um passo na picada, menos um passo para Lisboa, dizia o alferes para consigo, convencendo-se de que, a cada passo, deixava para trás um pedaço de África. O ritmo do andamento dos homens, dispostos pelos trilhos em duas colunas era, pois, o toque pendular do relógio que assinalava o tempo do regresso. Entretengas da tropa… modos de não pensar em nada e ir negaceando os medos.

É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS


Badana da Colecção A Hora do Lobo das Edições Rolim, referente ao nº4 - Era Uma Vez Um Alferes de Mário de Carvalho.

LENDO VERSOS, OUVINDO BOB DYLAN


No livro Os Cães Ladram, Truman Capote pronuncia-se sobre Bob Dylan:

Um músico sofisticado (?), um aldrabão que se faz passar por um revolucionário de bom coração (?), mas que não passa de um campónio sentimental.

Claro que Truman Capote não é flor que se cheire e há que lhe dar os óbvios descontos.

Lembro-me de uma conversa, nos idos de 67, com um dos colaboradores do Em Órbita, falha-me, agora, o nome, quando, a determinada altura, disse de Dylan: é um narcisista convicto, um genial cabotino, no sentido intelectual do termo.

Fiquei, assim meio aparvalhado, a olhar para ele, manifestei-lhe o meu desacordo e acrescentei que a definição ainda poderia ser entendida por gente que lesse ou ouvisse Dylan aprofundadamente, mas não pelo vulgar ouvinte.

O meu interlocutor viu, de repente, que não valia buscar outros argumentos, perder mais tempo com o ceguinho que eu, orgulhosamente, era por Dylan.

Mas ele sabia, porque lia e ouvia Dylan atentamente, que chegariam os tempos dos órfãos de Mr. Zimmerman.

A minha música é como uma mágica. Quando a interpreto, eu e ela isolamo-nos do mundo, e vivemos os dois num planeta diferente. Há quem me chame revolatado, mas a revolta que existe em mim é contra a violência da nossa época, é contra o egoísmo que faz os homens esquecerem-se dos outros para pensarem apenas em si. Esta é a minha revolta, este é o grito da minha música.

Em 1969, no Estúdio do Cinema Império vi Don’t Look Back de D.A. Pennebaker, a discussão sobre o cinema-verdade, o perceber de um Dylan cínico, pleno de contrastes.

O tempo do desencanto.

Manuel António Pina para aqui chamado:

O café agora é um banco, tu professora de liceu; Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu. Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes, e não caminhos para andar como dantes.

Tentamos não dar por isso, mas é assim que envelhecemos.

Depois de se separar de Joan Baez, Dylan abandonou a luta política.

A palavra mensagem é triste, triste como uma hérnia.

Ninguém gosta de ser definido por aquilo que os outros pensam.

Queria ter uma vida normal e poder levar os filhos à escola.

No filme de Martin Scorcese, No Direction Home, podemos ver a maneira como Dylan, trata Joan Baez e, ao mesmo tempo, ver a maneira doce, delicada, compreensiva, apaixonada, como ela continua a falar de Dylan:

Ele é o ser humano mais complexo que conheci. Eu pensei que seria capaz de entendê-lo. Desisti. Tudo o que sei é o que ele nos deu.

Quando em 2006 a Relógio D’Água começou a publicar as Canções de Bob Dylan, ainda estive com o livro na mão, mas o preço, qualquer coisa como 25,00 euros, terá sido a desculpa para não comprar o livro. Os meus orçamentos para a cultura sempre andaram por baixo mas havia espaço para excessos. Naquele dia nada disso aconteceu.

Mas este ano, na Feira do Livro, as Canções do Bob Dylan estavam no pavilhão da Relógio D’Água a um preço irrecusável: 20 euros pelos dois volumes.

Não foi o tempo de olhar para trás.

Vieram logo para casa.

E pelos bons velhos tempos, pelos mesmos tempos de sempre, Dylan passará a ser visita regular do Cais do Olhar.

Porque, para além de tudo o mais, existe uma verdade inquestionável: Bob Dylan fez das mais belas canções da história da música, histórias de cantar e ouvir, fez com que muitos passassem a olhar, de um outro modo, os tempos que se exigia que mudassem.

Será um tempo de lembrar poemas para os que acreditam que os ventos estão sempre a mudar.

Ou deveriam estar sempre a mudar.

No fundo dos fundos, mesmo que ele diga o contrário, Bob Dylan foi porta-voz de uma geração.

Deus sabe que há um céu
Deus sabe que está longe da vista
Deus sabe que podemos fazer todo o caminho daqui lá
Ainda que seja preciso andar um milhão de milhas à luz da vela.



Nota do editor: o título é roubado a uma crónica que José Cardoso Pires publicou no Diário Popular de 30 de Março de 1967.

domingo, 23 de junho de 2013

DEU-LHES A LOUCA!...


Esta gente nunca mais toma juízo... esta gente nunca mais aprende…

Foi assim em Bizâncio. Estavam os bárbaros às portas da cidade e no palácio discutia-se o sexo dos anjos…

João Assunção Ribeiro, candidato socialista a presidente da Câmara de Setúbal fez um cerrado ataque aos comunistas no discurso que proferiu perante a Convenção Nacional Autárquica do PS.

Segundo o porta-voz dos socialistas, há um muro que separa Setúbal da modernidade por culpa da gestão autárquica do PCP.

Sei bem que a situação nacional nos concentra no combate à direita ultraliberal que nos governa, mas quero ser franco e entendo que o combate ao PCP é tão ou mais importante do que esse combate à direita, porque é um combate pela liberdade política. Combatemos a direita que ignora direitos constitucionais, mas também combatemos a esquerda que atropela direitos civis e políticos


E o legado do PCP que vejo é o do desemprego, o da dívida, da falta de qualidade democrática, do atavismo, do conservadorismo e do sectarismo. O PCP é hoje um obstáculo ao progresso e ao investimento, é o campeão do quanto pior melhor, porque esse partido sabe que esse é o terreno fértil para o desespero e porque esse partido sabe que o desespero é a sua praia.

Valham-nos os deuses todos do Olimpo!

TEMPO DE VERÃO


O Verão começou ontem.
Um tanto ou quanto chocho e, segundo dizem os especialistas, será um Verão às cambalhotas: calor, frio, chuva, calor.
Mas uma canção como Summertime, cantada por Ella Fitzgerald, pode fazer esquecer todas essas cambalhotas do tempo.

À CONVERSA...


Perguntaram-lhe:
 A partir do momento em que conheceste o poeta José Carlos Ary dos Santos começaste a compor em português. De que maneira é que Ary dos Santos te influenciou?

Respondeu:

É pá, eu estava uma vez à tarde no "Vavá" com o Fernando Tordo e disse-lhe que não conseguia escrever uma canção em português, que as palavras não cabiam e que estava tudo mal. Então ele virou-se para mim e perguntou-me porque é que eu não falava com o Ary dos Santos e deu-me o número de telefone dele. Telefonei-lhe às seis da tarde e às nove estava em casa dele a mostrar-lhe as músicas. E ao fim de duas horas, depois de uns Gins lá pelo meio, já havia não sei quantas letras. O Ary era um artesão das palavras, aliás, como ele disse em poemas autobiográficos, e foi uma grande escola para mim. Dominava o português se uma maneira tão genuína. E depois houve o convívio todo, íamos para a ribeira às seis da manhã, depois de termos começado com champanhe francês e acabado com Camilo Alves... vinho tinto. Era o que havia... um descalabro.


Jorge Palma entrevista a Carlos Martinho.

sábado, 22 de junho de 2013

NOTÍCIAS DO CIRCO


CAVACO-PLANTADOR-DE-ÁRVORES, promulgou o decreto que regula a reposição dos subsídios de férias para 2013.

O GOVERNO apressou-se em executar a vingança do chinês:
Ficaram felizes com as resoluções do Tribunal Constitucional? Queriam receber agora os subsídios?
Tenham paciência! Há dinheiro – haverá mesmo? – mas nós é que dirigimos a banda.

ESTE GOVERNO, que odeia, odeia os portugueses. reuniu-se, hoje, em Alcobaça para comemorarem dois anos de uma governação trágica.
Não temos dúvidas que o país está melhor do que há dois anos.
Dizem isto sem qualquer ponta de vergonha na cara.
 E ainda conseguem sorrir… ainda…

ALGUNS RESULTADOS do brilhantismo da governação. Sim, apenas alguns:
- mais de 2 milhões de idosos não têm meios para pagar o acesso á saúde, não têm dinheiro para medicamentos, para as consultas dos centros de saúde;
- aumentaram as depressões e as tentativas de suicídio;
- até Março, desapareceram 1.100 empregos por dia.

O GOVERNO está a preparar uma proposta de lei prevendo benefícios fiscais para as empresas portuguesas que empreguem doutorados e mantenham no país cientistas nacionais, anunciou, hoje, o ministro Nuno Crato.

SEGUNDO o Jornal de Notícias, dezasseis portugueses, a trabalharem na construção civil em França desde o início do ano, estão sem receber há três meses e suspenderam o trabalho. Como nenhum fala francês, foi uma vizinha franco-portuguesa que os ajudou a denunciar o caso às autoridades.
Sem um cêntimo no bolso, tudo o que querem é receber os salários em atraso e regressar a Portugal.

ENQUANTO NA Europa o custo médio de uma hora trabalhada subiu 1,9%, em  Portugal, em apenas três meses, o preço de uma hora de trabalho caiu 0,3%
As quebras nos salários pagos em Portugal foram uma das formas encontradas pelo governo e pela troika para obrigar os portugueses a reduzir o consumo, como forma de conter as importações.

O SOBA DA MADEIRA defende a proibição da realização de greves nos sectores das forças armadas, forças de segurança, saúde, justiça e transportes.


QUASE DOIS ANOS depois das eleições, o Governo de coligação PSD/CDS já nomeou 4463 pessoas: 1027 para os gabinetes ministeriais, 1617 para cargos dirigentes da administração pública e 1819 para grupos de trabalho e outras nomeações. Em média, ministros e secretários de Estado nomearam já mais pessoas por gabinete do que Sócrates nos seus dois primeiros anos de mandato.

ESTA SEMANA, um bando de garotos da JSD, num requerimento dirigido ao Ministério da Educação e Ciência e entregue no Parlamento, perguntam quantos sindicatos existem no sector da Educação, qual o valor transferido para os sindicatos durante o ano de 2012 e orçamentado para 2013 e como são discriminados os gastos.
O secretário-geral da Fenprof considerou que a garotada da JSD tem défice de formação democrática, garantindo que os sindicalistas recebem apenas o seu ordenado pagos com as quotas dos trabalhadores sindicalizados.
As transferências do Governo para os sindicatos são zero e que os dirigentes não têm nem mais um cêntimo do que teriam se estivessem nas suas escolas. Têm simplesmente o seu salário.

O VICE-PRESIDENTE da Câmara Municipal de Portimão, tirou um papel das mãos do inspetcor da Judiciária que realizava buscas anteontem de manhã na residência do autarca.

O Ministério Público interpretou o gesto como uma perturbação do inquérito e defendeu a prisão preventiva do autarca  O documento, e a sua validade, estavam a ser analisados pelas autoridades quando o vice-presidente da câmara de Portimão o agarrou e engoliu.

OLHAR AS CAPAS


Solidão II

Irene Lisboa
Capa: João da Câmara Leme
Portugália Editora, Lisboa s/d

Tive meia dúzia de leitores, simpáticos, graciosos. (letrados, já se sabe.) E continuei esquecida e solitária. A mascar o pó da impotência. O pó de uma vida indirigida, desfinalizada. Naturalmente aquela que me foi dada em sina. E que só grande arte e ciência alterariam, poriam briosamente de pé, lhe dariam esteio. Como o fazem as boas famílias, os golpes políticos, um videirismo agencioso, o comércio da guerra, a sorte grande, um homem rico ou bem colocado, etc., etc..

VILA RODRIGUES


José Gomes Ferreira chama-lhe, nesse seu diário desgrenhado de um homem qualquer nascido no princípio do século XX, Calçada do Sol.

Mais não era que a Calçada do Monte Agudo que, a partir de 1909, passou a chamar-se Rua Heliodoro Salgado.


Uma calçada que só tinha casas construídas de um lado para se ver o longo panorama de Lisboa.

Mais tarde ali viria a ser instalado o Miradouro do Monte Agudo, uma das muitas fabulosas vistas de Lisboa, mas que é muito pouco frequentado quer por turistas, quer pelos lisboetas. A Câmara gastou alguns bons milhares de euros na sua recuperação, existe por lá uma esplanada, apenas esteve aberta escassos meses, e, de repente, tudo voltou ao abandono e à vandalização.

Conheço bem o Miradouro, nasci perto dele, na Rua Mestre António Martins, e ali passava as noites quentes dos verões de Lisboa, quando não havia televisão e as famílias se sentavam por ali, a respirar o fresco das noites.

Junto ao Miradouro havia um Mercado.

Corria os finais dos anos 60, o mercado foi transferido para Rua Forno de Tijolo, junto aos Anjos, para no seu lugar, ser construída a Escola Dona Luísa de Gusmão.

Mas voltemos ao livrinho do Zé Gomes:


A calçada do Sol parecia uma espécie de aldeia que os homens se tinham esquecido de levar para for de Lisboa. Uma aldeia escondida numa colina onde os doentes da Baixa de 1900 iam convalescer do cansaço das doenças difíceis.

Em 1906, com seis anos, José Gomes Ferreira vivia no r/c esq. do nº 52.

Damos um salto para um outro seu  livro, A Memória das Palavras, ou o Gosto de Falar de Mim, para ouvi-lo contar uma história dessa Calçada do Sol.

- Vou para a quinta, mãe! – despedia-me aos pinotes.
E, dissipada a poeira dos poucos minutos da correria, empurrava o ranger do portão velho, na avidez de encher o peito de ao ar cheirosos aos pinheiros dos primeiros dias da invenção do mundo, e mergulhava na liberdade feliz de devorar a fruta verde e de trepar às árvores com a agilidade aprendida no marinhamento dos telhados que tanto pavor de gritos provocava à minha mãe, conforme o testemunho presencial de Irene Lisboa, então minha vizinha no prédio ao lado da Vila Rodrigues. Por sinal soube disso poucos meses antes do falecimento da escritora, que um dia em minha casa interrompeu a conversa para me perguntar no usual tom de agressividade arrependida, coado pelo sorriso, com que se dirigia, suave, aos amigos:

 - Quê? Você morava na Calçada do Monte Agudo? Perto da Vila Rodrigues?...

E num berro gostoso:

-Então era o Zeca!

Baixei os olhos diante daquela fatalidade irreversível de ser o Zeca.

- Era. Era o Zeca.

E iluminada pela nesga de sol que irradia lá do fundo da infância de cada um:

- Ora imagine que, durante anos e anos – eu nessa ocasião era já uma senhorinha que olhava para a sombra! – ouvi a voz aguda da sua mãe aos chamamentos aflitos


do lado de lá dos muros e da confusão das nespereiras: «Ó Zeca! Não vás para aí, Zeca! Sai do telhado, Zeca! Não caias Zeca!»


José Gomes Ferreira, na Calçada do Sol, também cita este episódio da Irene Lisboa ter sido sua vizinha, e deixa um lamento:

Ah naquele caldeirão grande, a escritora Irene Lisboa sentou-se muitas vezes a protestar contra o mundo que a rodeava. Ninguém a lia! Ninguém lhe comprava os livros. Porquê? Porquê? Talvez porque, até tu nasceres, nunca nesta nossa língua de palavras rudes e fidalgas, aparecera uma mulher a escrever como tu. O teu rolará pelos séculos fora.


Vila Henriques.

Os registos da Freguesia da Penha de França não fazem qualquer menção  à Vila Henriques, mas informam que no nº 48 da Rua Heliodoro Salgado existe a Vila Guilherme Rodrigues, situada entre os prédios onde moraram José Gomes Ferreira e Irene Lisboa.

Será esta a vila de que fala o José Gomes Ferreira?



Legenda:

Calçada do Sol, Moraes Editores, Lisboa Setembro 1983

A Memória das Palavras ou o Gosto de Falar de Mim, Portugália Editora, Lisboa Março de 1966.

Fotografias:

- Nº 52 da Rua Heliodoro Salgado. No R/C esquerdo, entre 1904 e 1917, viveu José Gomes Ferreira.

- Miradouro do Monte Agudo

- Escola Luísa de Gusmão

- Mercado do Forno do Tijolo

- Vila Guilherme Rodrigues, nº 48 da Rua Heliodoro Salgado.