O homem chegou-se ao pé de mim e perguntou-me,
depois de tocar com dois dedos a aba do chapéu:
- Sabe dizer-me o nome desta rua.
Era a Fontes Pereira de Melo.
- O senhor não se importava, era capaz de me
escrever isso num papel?
Escrevi na folha arrancada ao caderno de
apontamentos: AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO. Enquanto escrevia, o homem
contava. Tinha vindo da terra para uma consulta aos olhos e o hospital era ali
em baixo. Mas agora estava fechado, de maneira que tinha de voltar noutra
altura.
Ele falava, eu escrevia. Numa folha branca. Duas mãos
terrosas dobraram a folha em em duas. Dobraram a folha em quatro.
Findo o que o homem me perguntou:
- Diz-me quanto lhe devo pelo seu trabalho?
Caramba! Isto está muito pior do que eu pensava.
Mário Castrim
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