Na
primavera de 1689, o poeta Matsuo Bashô partiu para a sua viagem mais longa..
Teria 45 anos de idade, não era propriamente um rapaz a testar-se no
Inter-Rail. Calcula-se que tenha percorrido, a pé, mais de 2.500 quilómetros,
durante os dois anos e meio que durou essa peregrinação. No prólogo do diário
que o acompanhou, deixou escrito: “os meses e os dias são viajantes da
eternidade. Assim como o ano que passa e o ano que vem. Para aqueles que se
deixam flutuar a bordo de barcos ou envelhecem conduzindo cavalos, todos os
dias são viagem e a sua casa é o espaço sem fim. Dos homens do passado, muitos
morreram em plena rota. A mim mesmo, desde há anos, me perseguem pensamentos de
vagabundo mal vejo uma nuvem arrastada pelo vento.
José Tolentino Mendonça no Expresso.
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