domingo, 31 de agosto de 2014

OS IDOS DE AGOSTO DE 1974


16 a 31 de Agosto

EN REUNIÃO NA Faculdade de Direito a que presidiu o secretário-geral da Associação Internacional dos Juristas Democratas foi proposto que não houvesse prescrição para os crimes cometidos pelos ex-agentes da PIDE/DGS.

VASCO GONÇALVES afirmou que é passado o tempo em que o Governo mentia ao povo e que o saneamento da vida económica da não exige ou aumento de certos produtos e a reanimação e expansão da actividade produtiva.

SÃO ATRIBUÍDOS novos preços ao pão, aos combustíveis, ao açúcar e aos adubos.

SEGUNDO UMA nota do Gabinete do Primeiro-Ministro não é de crer que as rendas de casa possam vir a ser aumentadas por efeito da nova legislação.

OS VENCIMENTOS dos funcionários da função pública foram aumentados em quantias que vão de 1.400$00 (58%) para a letra «Y» a 500$00 para a letra «A».

DIMUNUÍU o imposto profissional para rendimentos anuais inferiores a 100 contos.

SEGUNDO O Partido Popular Democrático as medidas que o governo pretende adoptar terão repercussões necessárias na recuperação da vida económica.

VASCO GONÇALVES a uma televisão alemã: «o estreitamento de relações entre Portugal e a CEE traria vantagens recíprocas».

A 26 DE AGOSTO Portugal e o PAIGC assinaram o acordo para a transferência de poderes na Guiné-Bissau.

AO ABRIGO DA lei religiosa instala-se em Portugal o «Exército de Salvação», organização internacional com sede em Londres.

NO DIA 20 ENTRARAM em greve os trabalhadores do Jornal do Comércio, com ocupação dos locais de trabalho. A greve foi assumida perante a recusa da administração em atender aos direitos dos trabalhadores.

NUM COMÍCIO REALIZADO em Vila Nova de Famalicão um orador do CDS afirmou que «o CDS é um partido disposto a ir tão longe quanto necessário mas sem ir longe demais».

DE A FUNDA de Artur Portela Filho:
O CDS não é sequer, o lugar para um partido, é a marcação de um lugar por meio de um partido.
Adelino Amaro da Costa é um pseudónimo de Xavier Pintado. E vice-versa. Vice-versa é um pseudónimo de Diogo Freitas do Amaral. Xavier Pintado é um pseudónimo de um pseudónimo. Alberto Ralha é um Pintado versa e um Amaro Adelino Vice.
Versa.
Vice.
Versa.
Vice.
O CDS é um vice-partido.
O CDS é um partido-versa.


Publicado o Decreto-Lei sobre o direito à Greve a “Lock-out”.

Fontes: Recortes de acervo pessoal, Diário de Uma Revolução, Mil Dias Editora, Lisboa, Janeiro de 1978, Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso, Edição dos Autores, Lisboa, Maio de 1976, Portugal Hoje, edição da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, A Funda, Artur Portela Filho, Editora Arcádia, Lisboa.

PORQUE HOJE É DOMINGO


Se na passada semana aqui trouxe Mocidade em Férias com o Cliff Richard, não queria fechar o último domingo de Agosto sem trazer The Young Ones.
Completo o domingo com a versão portuguesa do The Young Ones dos meus amigos Conchas e uma canção marcante do filme: When the Girl in Your Arms.
Um domingo de emoções fortes, com um Benfica-Sporting ao cair da tarde.
Bom domingo!



OLHAR AS CAPAS



Na Casa de Julho e Agosto

Maria Gabriela Llansol
Posfácio: João Barrento
Capa: Fernando Mateus
Relógio d’Água Editores, Lisboa, Setembro de 2003

Manuscrito após manuscrito, dia após dia, separações consecutivas do que amamos,
aproxima-se o inverno; não há nenhuma nostalgia com seu gelado paraíso, que não sobrevenha; Alisubbo, que já trocou o convento das madres pela sua horta, adoeceu no meio de seus frutos outonais. Eu sinto-me para além do frio mas percorrida por ele; devo deixar Antuérpia na próxima embarcação que sair do porto destinada à Mesopotâmia. O que vos contei sobre o Tigre e o Eufrates era sonho, que no sonho preparamos a vida, mas agora terei de sobreviver ao sonho e fazer surgir o rio real.

sábado, 30 de agosto de 2014

O AGOSTO A FINDAR...

Agosto a chegar ao fim.
O meu pai e eu, no silêncio da noite, debaixo da parreira de uva morangueira no quintal da casa do Marcolino em Almoçageme:
- Em Setembro voltamos a ser gente.
E olhava o gelo a derreter-se, lentamente, no copo de Whisky.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

MARCADORES DE LIVROS

NOTÍCIAS DO CIRCO


Quando a incompetência e a corrupção são premiadas.

O QU' É QUE VAI NO PIOLHO?


Segundo Balcão dos Bombeiros


Nesse tempo eu já lera as Brontë mas
como era um adolescente retardado
passava a noite em atrozes dilemas
que  mais vale: amar, ser doutrem amado?

ainda não descobrira o simples disto
nem o essencial disto que é tão claro
se tudo no amor vem do imprevisto
deitar regras ao jogo pode sair caro

por isso eu amo e sou ou não benquisto
depende do instante bem ou mal azado
amor tem alegria, tem enfaro
o happy end é coisa dos cinemas

Fernando Assis Pacheco em Variações em Sousa, Hiena Editores, Lisboa, Maio de 1987

Legenda: Gaumomd Cinema em Liverpool-

POSTAIS SEM SELO


«Elizabeth, está um dia tão bonito. Vamos dar um passeio. Talvez a gente encontre alguns cogumelos. E se assim for, podemos apanhá-los e comê-los.»
Betzy Zogbaum perguntou a Marian Powys Grey se ele sabia distinguir cogumelos comestíveis e venenosos.
«Acho que sim. Mas minha querida, pensa como a vida seria aborrecida sem um pouco de incerteza.»

JohnCage

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

DO BAÚ DOS POSTAIS


A Cristina e o Miguel estão prestes a regressar das férias passadas no Canadá.
Mas, hoje, chegou mais um postal.

NOTÍCIAS DO CIRCO


Até Julho, o Estado Português pagou à Troika mais de 1.120 milhões de juros e comissões.

Legenda:: imagem do Diário Digital.

REGRESSO DE VIAGEM


Depois de algum temo fora, abri o correio
e tirei o mar de dentro da caixa. As algas
acumulavam-se por entre cartas e publicidade;
e uma onda rebentou nas minhas mãos quando
separei a água e o céu, e a linha do horizonte
me apareceu sob uma espuma de pássaros.

Nuno Júdice

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

DO BAÚ DOS POSTAIS


Mais um postal do Canadá enviado pela Cristina e o Miguel.
Em especial para a Aidinha aqui vai uma foto de um jardim fabuloso que visitámos em Vitória.
Sim, mesmo fabuloso.
Obrigado, uma grande beijinho e bom regresso.

QUOTIDIANOS


Estava em minha casa, ou seja, em lado nenhum. Levava o meu sorriso, as minhas palavras para cada refeição, como o cortador entregava cada manhã a carne, à frente da vedação do jardim. Falávamos sobre a estação, a colheita da fruta, os acontecimentos do dia – mais uma pessoa que se tinha afogado! – e sobre o custo de vida. Estávamos em Agosto, começavam-se a fazer os preparativos para o outono. Estava calor e o meu pai cortava já madeira para o inverno. Andavam sempre à frente do tempo e eu atrás, o que representava muitos silêncios a eliminar nas nossas relações.

Pierre Kyria em A Morte Branca


Legenda: pintura de Jean-François Millet

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SODADE


Em homenagem a Cesária Évora, que hoje faria 73 anos, acontece a segunda edição do Dia do Pé Descalço.
Cesária Évora sempre caminhou descalça. Esta particularidade viria a tornar-se num dos elementos que mais a caracterizaria mundialmente, recorda a produtora de Cesária Évora, entidade que promove esta iniciativa,
A celebração do Dia do Pé Descalço será assim uma homenagem à simplicidade e liberdade, que a caracterizava.
Saudades da Diva Do Pé Descalço.

E DEPOIS?


1 de Janeiro de 1946
Também este ano acabou. As colinas, Turim, Roma. Esgotaste quatro mulheres, publicaste um livro, escreveste belos poemas, descobriste uma nova forma que sintetiza numerosos filões (o diálogo de Circe). És feliz? Sim, és feliz. Tens força, tens génio, tens que fazer. Estás só.
Neste ano, roçaste o suicídio por duas vezes. Todos te admiram, todos te cumprimentam, bailam em volta de ti. E depois?
Nunca lutaste, lembras-te. Nunca lutarás. Tens importância para alguém?

Cesare Pavese em Ofício de Viver.

Na imagem, Constance Dowling, a última paixão de Cesare Pavese.

Por ela, Pavese suicidou-se.

Virá a morte e terá os teus olhos.

Pavese, em Março de 1938:

Nunca, a ninguém, falta ma boa razão para se matar.

Quando Soube da sua morte, Constance comentou: Eu não sabia que ele era um escritor famoso.

Tão compreensíveis as últimas palavras escritas por Pavese:

Um imenso fastio de tudo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

PARA TODOS A MORTE TEM UM OLHAR


CesarePavese morreu, faz hoje 64 anos.

Escritor de múltiplas angústias, dolorosamente vividas, bem patentes nesse extraordinário livro O Ofício de Viver, escrito entre 1035 e 1950 e publicado após a sua morte.

A sua leitura mostra até que ponto Pavese amava as mulheres que o desprezavam.

Junte-se-lhe a árdua luta política, e facilmente percebemos porque acabou por desistir.

A 18 de Agosto de 1950,  despedia-se da arte e da vida, do ofício de viver:

Um imenso fastio de tudo.

Basta de palavras. Um gesto, Não escreverei mais.

No quarto do hotel de Turim, onde se suicidou, terá sido encontrado um bilhete:

Virá a morte e terá os teus olhos.

UM DIA INVENTADO


Os meus amigos perdem comboios. Adiam viagens, mudam de rota à última hora, apanham boleias inesperadas. Os meus amigos às vezes perdem aviões. Pagam taxas suplementares e multas, pagam ataques de ansiedade. Os despertadores funcionam mal nas casas dos meus amigos.
Juan devia ter chegado a Santa Apolónia às duas da tarde. Lembrei-me disso quando, na livraria que eu e os doentes do ambulatório do Júlio de Matos frequentamos com displicência, vi "Os Dias Inventados" de Luís Filipe Castro Mendes. Lembrei-me de ir esperar Juan ao comboio, lembrei-me que Juan devia conhecer Luís.
Quando Juan telefonou ("Perdi o comboio. Se calhar já não me calha ir") achei normal, mas fiquei a olhar para o livro de Luís que não era meu. O Luís tão embrulhadinho, em cima de uma secretária cheia de lixo, à espera de ninguém. O Luís, o doce poeta, o nosso homem em Budapeste, envolvido no papel "bordeaux" da Castil. O Luís não devia ficar assim fechado com os dias de sol bonitinhos da pátria, em Budapeste outra coisa, outra coisa será. Acabei por roubar o Luís a Juan e foi muito bom.

A firme paixão cega fui atado
e com meus males preenchi cadernos.
eu dava-te os cadernos, enlevado
de paixão: mortas aulas, frios invernos.

Mais tarde vi teu nome no jornal:
fugias do país, Revolução!
Quando depois voltaste a Portugal
não quisestes lembrar-te da paixão

que num mover de olhos acenderas
e me levara a copiar Herberto
para esconder seus versos na carteira
de onde podia ver-te de mais perto.

O amor estava em visita, sem demora.
Alguém chamou por ti e foste embora

Luís Filipe Castro Mendes
"Os Dias Inventados"
Gótica

Ana Sá Lopes em Glória Fácil

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

NOTÍCIAS DO CIRCO


O défice da execução orçamental nos primeiros sete meses de 2014 foi equivalente a 5823,4 milhões de euros, mais 389 milhões do que em igual período do ano passado.
Entre Janeiro e Julho, a receita fiscal líquida ascendeu a 18.898 milhões de euros, uma subida de 735,1 milhões face à quantia cobrada no período homólogo, superando desta forma o objectivo inscrito no Orçamento de Estado para 2014.

ENCOMENDA POSTAL


destino-te a tarefa de me sepultares
no segredo mineral da noite
com um lápis e uma máquina fotográfica

depois
fica atento ao correio
do secular laboratório nocturno enviar-te-ei
devidamente autografado
o retrato da solidão que te pertenceu

e numa encomenda à parte receberás
a revelação desta arte
onde a vida cinzelou o precário corpo
na luz afiada de um vestígio de tinta


Legenda: fotografia da Life.

DO BAÚ DOS POSTAIS


Postal enviado de Rostock pela Angelika e o Hans-Martin.

QUOTIDIANOS


Ao sair de casa pela manhã tinha uma ideia formidável para um texto. Infelizmente perdeu-o no caminho para o escritório. Por essa altura já alaguém o terá encontrado e guardado. Nos dias que correm, é inútil alguém dirigir-se à secção de Pedidos e Achados, São raras as pessoas que devolvem as coisas que encontram nos locais públicos. Sobretudo quando se trata de ideias.

Autor desconhecido

domingo, 24 de agosto de 2014

A PRETO E BRANCO


Sem sequer dar por isso, absorvi muita música na altura. Em Inglaterra, imperava o nevoeiro; não apenas o físico, mas também um outro, um nevoeiro de palavras. As pessoas não manifestavam as suas emoções. Na verdade, quase nem sequer falavam. As conversas nunca iam direito ao assunto. Contornavam-no, obedecendo a códigos e eufemismos. E a certas coisas não podias sequer aludir. Eram os vestígios da era vitoriana, retratados de modo brilhante em certos filmes a preto e branco de inícios dos anos 60 – Sábado à Noite, Domingo de Manhã; Jogador profissional. A própria vida era a preto e branco; o Technicolor vinha ao virar da esquina, mas em 1959 ainda não tinha chegado. Não tenho dúvida de que o que as pessoas realmente querem é tocar o coração umas das outras. É para isso que serve a música. Se não o podes dizer, canta-o. Ouçam as canções da altura. Tão pungentes e românticas, enquanto tentam dizer o que não é permitido sequer em papel. O tempo melhorou, são sete e meia da tarde, o vento já se foi, P.S. Amo-te.
A Doris era diferente. Era uma pessoa muito musical, como o Gus. No fim da guerra, entre os três e os cinco anos, ouvi Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Big Bill Broonzy, Louis Armstrong. E aquela música falava-me, todos os dias a ouvia porque era o que a minha mãe punha a tocar. É provável que eu lá tivesse chegado mesmo por outras vias, mas a Doris ensinou-me a passear os ouvidos pela zona negra da cidade, sem sequer dar conta disso. Sabia lá eu de que cor era a pele dos músicos: bem podiam ser brancos, pretos ou verdes. Mas se tiveres um ouvido um nadinha musical, passado algum tempo começas a notar a diferença entre o Ain’t That a Shame  do Pat Boone e o Ain't That a Shame do Fats Domino. Não é que a versão do Pat Boone seja particularmente má, ele era um óptimo cantor, mas comparada com a naturalidade da do Fats, soa oca e produzida. A Doris também gostava do que o Gus ouvia. Ele recomendava-lhe Stéphane Grappelli, o Quinteto do Hot Club do Django Reinhardt – ah!, o maravilhoso swing daquela guitarra -, Bix Beiderbecke. Ela gostava de um bom swing. Mais tarde adorou ouvir o grupo do Charli Watts no Ronnie Scott’s.


Keith Richards em Life


PORQUE HOJE É DOMINGO


Motivos terão que existir para que, volta e meia, regresse a este filme.
Os principais serão, certamente, porque foram tempos maravilhosos.
Naquele tempo não sonhávamos sequer que um dia existiria a possibilidade de, na calmaria de uma tarde de verão, ir à estante e pôr o filme a correr.
Bom domingo!

sábado, 23 de agosto de 2014

POSTAIS SEM SELO


Foi a terra alentejana que fez o homem alentejano, e eu quero-lhe por isso. Porque o não degradou, proibindo-o de falar com alguém de chapéu na mão.

Miguel Torga

Legenda; Gadanheiro, espólio Castro Rodrigues, Museu do Neo-Realismo

O SENTAR À PORTA


O Dudu, alentejano de Nisa, de uma simplicidade exasperante, conferente marítimo de exemplar competência, prestava assistência às cargas e descargas da Agência.

Num Verão, o comandante da Agência, que supervisionava o trabalho da companhia de estiva, foi passar uma semana de férias para uma habitação de turismo rural, perto de Nisa.

Por um findar de tarde, encontrou o Dudu na praça de Nisa, e murmurou para dentro de si mesmo que o Dudu se sentiria feliz e honrado, se o convidasse para umas cervejas e um pouco de conversa.

O Dudu vacilou ligeiramente mas acabou por dizer:

Oh! Sr, Comandante! honra-me muito o convite, agradeço-lhe do fundo do coração, mas agora vou até casa, tomar um duche e depois sentar-me porta…

O alentejano define-se pela solidão, o sentar à porta é aquilo que mais preza, o parar do tempo, a contemplação, no findar de uma tarde de Verão, o calor do vento, o canto dos ralos, dos grilos, a sombra da porta, o silêncio, o voo rasante da passarada, a luz das grandes tardes de sol a cair para lá do horizonte.

Um requintado prazer, uma filosofia.

A porta é o mundo dos alentejanos, escreveu Álvaro Guerra.

Algo que o Comandante, lisboeta e médio burguês, não entendeu lá muito bem: o Dudu, conferente marítimo, trocar umas cervejas mais a converseta, por essa coisa de se sentar à porta, no bafo tépido do cair da tarde alentejana…

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

PEDIDOS DE DESCULPA NATALÍCIOS


A arrumar papeis, encontrei esta carta que tem remetente e destinatário, mas que para o caso pouco importam quem são.

QUOTIDIANOS


Os brancos têm de ser convencidos de que são apenas humanos, e não superiores. O mesmo com os negros: têm de ser convencidos de que também são humanos, não inferiores.

Steve Biko

Legenda: manifestação em Ferguson contra o racismo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

DO BAÚ DOS POSTAIS


Chegou hoje pelo correio, enviado do Canadá pela Cristina e pelo Miguel

NOTÍCIAS DO CIRCO


2006:Família Espírito Santo fez o maior donativo à campanha de Cavaco.


Isto anda tudo ligado, tal como dizia o velho…

Legenda. Como diz o Vítor Dias a foto já enjoa de tanto ser publicada… mas é bom não esquecer!...

OLHARES


Bicicletas em Viana do Castelo.

DITOS & REDITOS


Dinheiro ganho com sacrifício não é para se esbanjar.

Pilot ou Pailot, não importa como diz, importa o que ouve.

Os livros mudam o destino das pessoas.

Ser simples não é fácil.

Toda a literatura é viagem.

A felicidade pertence a cada dia.

Um filme é sempre mais que um filme.

Joaninha avoa, avoa, que o teu pai está em Lisboa.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

OS CROMOS DO BOTECO


Danny Mirror

Face A
I Remember (Part One)

Face B
A Remember (Part two)

OLHAR AS CAPAS


Life

Keith Richards com James Fox
Tradução: José Luís Costa
Cavalo de Ferro Editores, Lisboa, Outubro de 2011

Que raio teríamos nós na cabeça quando parámos para almoçar no restaurante 4-Dice em Fordyce, Arkansas, no fim-de-semana do Dia da Independência? E mesmo que fosse noutro dia qualquer, dada a minha experiência de dez anos a conduzir nos recantos mais conservadores da América… Fordyce não passava de uma cidadezinha, Os Rolling Stones estavam na ementa da polícia, de uma ponta a outra do país. Não havia chui que não quisesse pôr-nos as mãos em cima, desse lá por desse: era promoção garantida, e limpar a América desses inglesitos abichanados tinha-se tornado para a bófia uma missão patriótica. Corria o ano de 1975, tempos violentos e de confronto aberto. A época de caça aos Stones abrira oficialmente em 1972, ano da nossa última digressão ao país, a famosa STP – Stones Touring Party. O Departamento de Estado registou então a ocorrência de motins (verdade verdadinha), casos de desobediência civil (idem idem, aspas aspas), sexo ilícito (seja lá o que isso for) e episódios de violência em todo o território da nação. E tudo culpa nossa, meros trovadores, Tínhamos instigado a juventude à rebelião, corrompíamos a América e decidiram que nunca mais nos deixariam percorrer os Estados Unidos. Era uma questão política séria nos tempos do Nixon, que já tinha recorrido pessoalmente aos seus capangas e truques sujos contra John Lennon, quando temeu que ele lhe pudesse custar uma eleição. A nós coube-nos o rótulo de banda de rock and roll mais perigosa do planeta, o que foi oficialmente comunicado ao nosso advogado.

POSTAIS SEM SELO


Verifico pela minha longa experiência que admiro todas as nações e odeio todos os governos, e que o meu anarquismo natural não há parte nenhuma onde se revolte mais do que nas fronteiras nacionais, onde pacientes e eficientes funcionários públicos desempenham os seus deveres em matéria de imigração e alfândega. Nunca passei nada de contrabando na minha vida. Porque será, então, que tenho uma sensação embaraçosa de culpa ao aproximar-me de uma barreira alfandegária?

John Steineck em Viagens com o Charley

terça-feira, 19 de agosto de 2014

É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS


Este anúncio deverá ser de 1970.
Guardei-o porque, na altura, pensei em adquirir os livros do Júlio Dinis.
Mas por esse tempo a suavidade do pagamento não estava dentro das minhas possibilidades.
A Morgadinha dos Canaviais, Uma Família Inglesa, As Pupilas do Senhor Reitor, tiveram de esperar um bom pedaço de tempo para serem lidos.

OLHARES


Íamos então de casa em casa, e pelas ruas fora conversando, à noite quando ruas e noite em Lisboa, e em café de tertúlia (o Casais, o Pedro, o Soromenho, o Zé Blanc, o Lourenço quando vinha a Lisboa, o Azevedo, o Lemos, o Vespeira; era no Chave de Ouro; não falando das “missas do Marinho”, no Palladium, quando cafés havia também.

José-Augusto França, num velho JL sem data, evocando Jorge de Sena.

Legenda: o Palladium, na Avenida da Liberdade, junto ao Elevador da Glória, é hoje um asséptico e indistinto Centro Comercial

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

É PRECISO MUITO PARA RIR, É PRECISO UM COMBOIO PARA CHORAR


Bem, viajo num comboio-correio, pequena
Não consigo entusiasmar-me
Bem, tenho estado a pé toda a noite, pequena
Encostado ao peitoril da janela
Bem, se eu morrer
No cimo da colina
E se não o conseguir
Sabem que a minha pequena o fará

A lua não tem bom aspecto, mulher
A brilhar por entre as árvores?
O guarda-freios não tem bom aspecto, mulher
Ao fazer com a bandeirola o sinal ao «Double E»? (1)
O sol não tem bom aspecto
Ao descer sobre o mar?
A minha rapariga não parece bem
Quando vem atrás de mim?

Agora está a chegar a invernia
As janelas estão cheias de geada
Fui contar a toda a gente
Mas não consegui ser compreendido
Bem, quero ser o teu amante, pequena
Não quer ser o teu patrão
Mão digas que nunca te avisei
Quando o teu comboio se perder

Bob Dylan

(1)   «Double E» - as opiniões dividem-se e contradizem-se quanto ao significado do termo «double E». Há quem afirme que se tratava duma linha do metropolitano de Nova Iorque (nos anos 60,, passando perto de Greenwich Village e hoje renomeada de outro modo) e quem diga que a referência é feita às grandes locomotivas Double E, os maiores comboios das linhas norte-americanas. (N. dos T,)

Canção do álbum Highway 61 Revited (1965)

Bob Dylan em Canções Volume I (1962-1973) Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006.

Legenda: imagem do filme Sweet and Lowdown de Woody Allen (1999).

NOTÍCIAS DO CIRCO


Estavam os ricos postos em sossego na Comporta a brincar aos pobrezinhos, e os pobrezinhos postos em sossego no Torel, quando rebentou o petardo. O tomara-que.não-cais pariu um inconseguimento; o BES, ao contrário da Torre de Pisa, caía mesmo, Os portugueses que tendem a esperar sempre o pior, confirmavam a sua filosofia milenar (mais século, menos século). Já esquecidos do Conselho da Revolução, começaram a ouvir falar do Fundo de Resolução, Bem lembrados do BPN e etc., Começaram a ouvir falar de bancos bons e bancos maus. E depois nascia o novo Banco! Os portugueses, sabiamente, mantiveram a rotina de férias. Uns na Comporta, outros no Torel. Outros na Manta Rota. Outros no raio que os parta, Haverá quem invoque o velho timoneiro: “Reina uma grande desordem no céu. A situação é excelente”; mais sensato será lembrar Tom Waits: “Acho que estamos no meio de uma revolução e ninguém sabe de que lado vêm as pedras». E ainda agora é Agosto.

Ana Cristina Leonardo no Expresso

Legenda: Praia da Comporta, imagem do jornal I.

QUOTIDIANOS


“A Morte Sem Mestre” é um livro de poesia, claro. Mas a fortíssima carga biográfica faz dele tembém um documento sobre o que é ser velho no Portugal contemporâneo. E não é uma coisa bonita de se ver.

JoséTolentino Mendonça na revista do Expresso.

Nota do editor: José Tolentino de Mendonça faz referência ao último livro de Herberto Helder, A Morte Sem Mestre, publicado pela Porto Editora.

Legenda:fotografia de Chris Killip.

domingo, 17 de agosto de 2014

NOTÍCIAS DO CIRCO


Passos, o político que mais mentiu, de longe e de muito longe, numa campanha eleitoral, traindo sem uma hesitação ou remorso a confiança dos eleitores e da comunidade, plana sobre as águas e nem um mísero salpico o atinge. Muita gente na direita, desde sempre, julgava que os ataques ao Estado social, aos funcionários públicos, aos pensionistas, à classe média e à Constituição fossem algo simplesmente impossível de realizar. Ainda mais impossível se acontecessem ao mesmo tempo. E ainda mais impossível se não tivessem legitimidade moral por nascerem de uma burla eleitoralista.
Donde vem a complacência, quiçá cumplicidade, dos portugueses com este homem e quem ele representa? Vem de muito longe.


PORQUE HOJE É DOMINGO


O número de Agosto da Blitz lembra os primeiros passos de Elvis Presley.

No Verão de 1954. Elvis Presley lançava o se primeiro single, dava o primeiro concerto e assinava um passo determinante para o nascimento de uma música com berço negro que em breve chegaria a todo o mundo.
Bom domingo!


OLHAR AS CAPAS


Os Condenados da Terra

Frantz Fanon
Prefácio: Jean Paul Sartre
Tradução; Serafim Ferreira
Capa: Sebastião Rodrigues
Editora Ulisseia, Lisboa s/d

O colono faz a história e sabe que a faz. E como se refere constantemente à história da metrópole, indica com clareza que está aqui como prolongamento dessa metrópole. A história que escreve não é, pois, a história do país que ele despoja, mas a história da sua nação onde ele rouba, viola e espalha a fome. A imobilidade a que está condenado o colonizado não pode ser impugnada, senão quando o colonizado decide pôr termo à história da colonização, à história da pilhagem, para fazer existir a história da nação, a história da descolonização.

sábado, 16 de agosto de 2014

LUIZ PACHECO, EDITOR


Os últimos anos de vida, Luiz Pacheco passou-os em Lares de Terceira Idade.

Um desses lares, penso que terá sido o primeiro, situava-se em Palmela:

Era um lar no meio de uma serra, com o ar puríssimo de Palmela, uma construção nova, em arco, sem vizinhança, sem casas à volta… Era muito bonito… Fui para lá logo quando aquilo começou… no início, a fase da promoção, serviam um bacalhau altíssimo, as torradas pareciam as das pastelarias da Baixa, dois andares de torradas, molhadas em manteiga, o café com leite vinha com dois pacotes de açúcar… depois, um dia começou a aparecer só um pacote, vieram as economias,,, as torradas passaram a ter só um andar com uma lambidela de margarina… Agora este aqui, do Príncipe Real, já se aproxima mais da generalidade. Por exemplo as giletes que eles dão algumas já barbearam mortos. Tu não fazes ideia,,, Isto é um armazém de pré-cadáveres, é uma parada de monstros.

Num qualquer livro que comprara do Pacheco, encontrava-se um Bilhete-Postal-Porte-Pago para inscrição como assinante da Contraponto.

Foi assim como me constituí como o Assinante nº  84 e passei a receber, pelo correio, todos os livros editados pela Contraponto.

Um dia soube que a sogra do Santos Costa estava nesse lar de Palmela e sugeri que fizesse uma visita ao Pacheco e se constituísse, para poupar tempo e os portes, como portador dos livros. Livro na mão, pagamento feito pelo Santos Costa.

Entretanto a sogra do Santos Costa morreu e eu perdi o meu correio privilegiado.

Um dia, Novembro de 1998, recebi pelo correio, mais um livro do Pacheco, o Prazo de Validade.

Lá dentro um recado manuscrito:

Você é uma jóia de pessoa, mas é um CRAVA do pior. Agora que aquele senhor não vem aqui já (faleceu a D. Celeste), ou V. me envia 2.000$00 ou é saneado do meu ficheiro de assinantes.

O Santos Costa garantiu-me que todos os livros que trouxera de Palmela tinham sido pagos.

Mandei uma amável carta ao Pacheco, perguntando-lhe qual o livro que ficara por pagar.

Resposta em Pachecal-Postal:

Desfazia-se em desculpas. Tinha-me confundido com um assinante do Porto e adiantava que era capaz de enganar muita gente nunca um dos seus assinantes.

O Postal é o que aí está, e Pacheco deixou recado manuscrito:

Pegue nesta miúda e leve-a para o MECO.

Mais tarde, enviado pelo Pacheco, recebi um pacote contendo três livros e um recado, escrito a esferográfica verde:

Estão aqui uns livrecos, que certamente já terá, e se assim for, ofereça-os a um amigo.

Não tem de pagar nada. Você é um compincha.

Desconcertante este Pacheco.

Razão plena quando dizia: a Contraponto sou eu!

Nota do Editor: a descrição do lar de Palmela é tirada de uma entrevista dada a João Pedro George e incluída em O Crocodilo Que Voa, Tinta da China, Lisboa Fevereiro de 2008.

OLHAR AS CAPAS



Pacheco Versus Cesariny

Folhetim de Feição Epistolográfica, uma invenção e montagem de Luiz Pacheco
Capa: Martim Avilez
Editorial Estampa, Lisboa Maio de 1974

Estou a ler, la mort dans l’ame, um livro que te recomendo, OS CONDENADOS DA TERRA, da Ulisseia, já retirado mas felizmente esgotado antes. Fala da África contemporânea, mas nunca me senti tão negro (um cafre da Europa…) como ao lê-lo: fala de Ghana e da Argélia, e do Congo e não sei que mais e parece estar a relatar em síntese oito séculos de História de Portugal, incluindo o dia de hoje, em que já temos um novo Presidente. Lê, se ainda não leste. Se não arranjares, diz, o exemplar não é meu, ma passo-te.

À CONVERSA...


Clara Ferreira Alves, à conversa com um não nomeado grande encenador de teatro:

O meu problema não é o subsídio, que é ínfimo, é o Ministério da Cultura; metade daquela gente não faz nada e combate a outra metade. O dinheiro é gasto a alimentar a máquina.

Legenda: pintura de Edward Hopper

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

OS IDOS DE AGOSTO DE 1974


1 a 15 de Agosto

A INTERSINDICAL emite um comunicado no qual defende o direito ilimitado à greve e a proibição do lock-out.

CHEGOU A o primeiro embaixador soviético em Portugal, Arnold Kalinin

EM KUSAKA, representantes dos três Movimentos de Libertação de Angola, MPLA, FNLA e UNITA procuram uma plataforma de entendimento comum com vista à formação de uma frente que possibilite a abertura a breve prazo de negociações com as autoridades portuguesas.

SURGE EM Cabinda um Movimento que pretende a independência separada de Angola.

OS BISPOS PORTUGUESES publicaram uma Carta Pastoral sobre o 25 de Abril, tomando posições de condenação e de reserva relativamente ao socialismo, ao marxismo, ao liberalismo capitalista e propondo a alternativa da democracia cristã com base nas ideias de Pio XII de 1944.
Após os silêncios face à Guerra Colonial, a censura, às perseguições da PIDE/DGS, os senhores bispos enchiam-se de coragem.
De A Funda de Artur Portela Filho:
Os bispos portugueses acabam de perder o 25 de Abril.
Por escrito.
Perder o 25 de Abril não seria excessivamente grave se quem o perde não perdesse com ele, o País
Como o 25 de Abril é o País, os bispos portugueses, perdendo 25 de Abril, perdem o País.
O 25 de Abril foi uma oportunidade que os bispos portugueses tiveram para recuperar o País.
A Carta Pastoral acaba de perder essa oportunidade.


O SECRETÁRIO-GERAL  das Nações Unidas, Kurt Waldheim, visitou Lisboa durante os dias. Foi posto ao corrente das negociações entre Portugal e os movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas e a promessa que em breve serão nações independentes. O primeiro país a ser reconhecido será a República da Guiné-Bissau.


 A MORTE DE UM AGENTE da extinta PIDE/DGS, que sofria de problemas cardíacos, ocorrida na Cadeia Penitenciária, no dia 12 de Agosto, serviu de pretexto à revolta de cerca de 600 elementos da sinistra polícia política.
Apoderaram-se das chaves do sector central e ocuparam as instalações principais e colocaram-se nos telhados
O motim dos ex-pides levou a uma forte reacção popular junto daquele estabelecimento prisional.


Foram, temporariamente proibidas as visitas aos «pides» da Penitenciária.
Comentário de Manuel Azevedo no Diário de Lisboa de 13 de Agosto:


O EX-MINISTRO Palma Carlos não concordou com as linhas políticas do partido e  afastou-se do Partido Social Democrata Português.
Decididamente um homem difícil…

NA NOITE DE 14 de Agosto, um morto e vários feridos causou a repressão aos populares que se manifestavam no Rossio contra a proibição do comício de apoio ao MPLA A vítima era Vitor Bernardes, militante do MDP/CDE

Legenda:
a)      Título da primeira página de A Capital
b)      Ex-pides nos telhados da Penitenciária. Fotografia do Diário Popular.
c)      Populares junto à Penitenciária. Fotografia de A Capital

Fontes: Recortes de acervo pessoal, Diário de Uma Revolução, Mil Dias Editora, Lisboa, Janeiro de 1978, Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso, Edição dos Autores, Lisboa, Maio de 1976, Portugal Hoje, edição da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, A Funda, Artur Portela Filho, Editora Arcádia, Lisboa

LARGO DO ESPÍRITO SANTO, 2, 2º.


Nem mais, nem menos: tudo tal e qual 
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.

    E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo.)

    Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos olhos de ter sede!

E o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...

    E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.

    Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.

    Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficarmos ambos puros.

    Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há-de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.)
 

Sebastião da Gama em Pelo Sonho É que Vamos.

Legenda: Fac-simile do manuscrito de Sebastião da Gama do poema Largo Espírito Santo, 2, 2.º

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

OS CROMOS DO BOTECO


Rita Coolidge
Lado A
We're All Alone

LADO B
Southern Lady