quinta-feira, 14 de agosto de 2014

OLHAR AS CAPAS



Fahrenheit 451

Ray Bradbury
Tradução: Mário-Henrique Leiria
Capa: A. Pedro
Edição Livros do Brasil, Lisboa Outubro de 1999

- Isso não impede que os rios continuem a correr e as águas a passar sob essas pontes.
- Não a água, o fogo. Já viste uma casa arder? Continua a fumegar durante dias e dias. Lembrar-me-ei daquele fogo toda a minha vida! Toda a noite, na minha imaginação, tentei apaga-lo. Estava meio doido.
-. Devias ter pensado nisso antes de te teres feito bombeiro.
- Pensar! – disse ele. – Tive, por acaso, possibilidades de escolha? O meu pai e o meu avô foram bombeiros. À noite, quando sonho, corro atrás deles.
No salão ouvia-se uma música de dança.
- Hoje estás de serviço mais cedo – disse Mildred – Devias ter partido há duas horas. Dei agora mesmo por isso.
-Não é apenas a morte dessa mulher – continuou Montag. – A noite passada, pensei em toda a gasolina que tenho espalhado, há dez anos para cá. E pensei nos livros. E, pela primeira vez, notei que, atrás de cada um desses livros, estava um homem. Um homem que os tinha concebido. Um homem que tinha passado o seu tempo a escrevê-los. E, até agora, nunca essa ideia me tinha aparecido. – Saíu da cama. – Algumas vezes, é necessária toda uma vida a um homem para pôr as suas ideias por escrito, olhar o mundo e a vida à sua volta; e eu chego e bum! Em dois minutos tudo se acaba.

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