Este anúncio d' O Porão da Nau é tirado da contracapa de um espectáculo da Companhia de Tonia Carrero no Teatro Monumental, Fevereiro de 1966.
Nos anos 60, o findar das noites, acontecia n’ O Porão
da Nau e dele se fazia um enorme ponto de encontro.
As mais variadas gentes da noite, marcavam presença
n' Porão:
para um copo, para cear, para o encontrar de um ombro que selasse a solidão.
O Rádio Clube Português chegou a montar
estúdio e transmitia programas em directo, e, cada vez que se proporcionava,
Vasco Morgado levava até ao Porão alguns dos artistas que tinham acabado de
actuar no Monumental: Aznavour, Sammy Davis Jr., Ella Fitzgerald, alguns mais,
no Porão marcaram presença.
A frase do anúncio: o local que pode frequentar com sua Exma família, é um achado de non sense.
Poderíamos encontrar famílias a comerem frangos assados no Bom Jardim, ou sardinhas assadas no Oh! Hipólito da Feira Popular, mas tenho sérias dúvidas - não sei, nunca lá entrei! - que alguém levasse a família ao Porão da Nau!
As noites eram abrilhantadas pelo Thilo's Combo, um conjunto sensação na época.
Vale a pena recordar a história contada por Fernando Rueda, baterista do conjunto, numa entrevista a José Duarte e publicada em Jazzé e Outras Histórias (1):
Em Lisboa conheci o Thilo Krassman. Fomos a Marrocos com um grupo feito à pressa com o Marcial Cal que não tocava nada, nem cantava nenhum, mas tinha muita lata... Nessa época toquei também com o pianista Henrique Peiró, irmão do Angel.
E a Ronda, essa catedral da boémia no princípio dos anos 60?
É a altura do Thilo's Combo, um bom grupo com o Vitor Mamede em saxofone, o Jorginho em piano, o Zé Luís em guitarra ou trombone, o Thilo em baixo e cá o Rueda à bateria...
A seguir fomos inaugurar O Porão da Nau. Outro sucesso. Mas sabes, o Vitor tinha um bocado coisa de mim... a bateria puxa muito mais aplausos... ele fazia um grande solo mas não havia aquele calor, aquele entusiasmo do publico. O Combo acabou por se desfazer e fiquei no Porão com o meu grupo Rueda + 4... gravámos discos, fomos à televisão...
Hoje, no espaço que foi d' O Porão da Nau, encontra-se a Cervejaria Maracaña, que se estende até à esquina da Pinheiro Chagas com a António Augusto de Aguiar, onde pontificava o Restaurante O Convés.
(1) - José Duarte, Jazzé e Outras Histórias, Edições Cotovia, Junho de 1994.
As noites eram abrilhantadas pelo Thilo's Combo, um conjunto sensação na época.
Vale a pena recordar a história contada por Fernando Rueda, baterista do conjunto, numa entrevista a José Duarte e publicada em Jazzé e Outras Histórias (1):
Em Lisboa conheci o Thilo Krassman. Fomos a Marrocos com um grupo feito à pressa com o Marcial Cal que não tocava nada, nem cantava nenhum, mas tinha muita lata... Nessa época toquei também com o pianista Henrique Peiró, irmão do Angel.
E a Ronda, essa catedral da boémia no princípio dos anos 60?
É a altura do Thilo's Combo, um bom grupo com o Vitor Mamede em saxofone, o Jorginho em piano, o Zé Luís em guitarra ou trombone, o Thilo em baixo e cá o Rueda à bateria...
A seguir fomos inaugurar O Porão da Nau. Outro sucesso. Mas sabes, o Vitor tinha um bocado coisa de mim... a bateria puxa muito mais aplausos... ele fazia um grande solo mas não havia aquele calor, aquele entusiasmo do publico. O Combo acabou por se desfazer e fiquei no Porão com o meu grupo Rueda + 4... gravámos discos, fomos à televisão...
Hoje, no espaço que foi d' O Porão da Nau, encontra-se a Cervejaria Maracaña, que se estende até à esquina da Pinheiro Chagas com a António Augusto de Aguiar, onde pontificava o Restaurante O Convés.
(1) - José Duarte, Jazzé e Outras Histórias, Edições Cotovia, Junho de 1994.
2 comentários:
Curiosamente, e desconhecendo na altura a história do Porão, foi a primeira discoteca onde eu entrei, eu que nem gostava de dançar e tarde me iniciei nessas lides, fui lá com um amigo para matar a curiosidade sobre esse tipo de locais onde o pessoal ia. Já o Porão era um local meio decadente, só revitalizado com o advento das matinées, tão em voga nos idos de 80 do século passado.
Bolas, O Porão da Nau foi a primeira "boite" a que fui na minha vida, com um grupo de colegas e amigos, depois de termos jantado no Convés, QUE SAUDADES desse tempo doido mas maravilhoso.
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