Perguntaram-lhe:
A
partir do momento em que conheceste o poeta José Carlos Ary dos Santos
começaste a compor em português. De que maneira é que Ary dos Santos te
influenciou?
Respondeu:
É
pá, eu estava uma vez à tarde no "Vavá" com o Fernando Tordo e
disse-lhe que não conseguia escrever uma canção em português, que as palavras
não cabiam e que estava tudo mal. Então ele virou-se para mim e perguntou-me
porque é que eu não falava com o Ary dos Santos e deu-me o número de telefone
dele. Telefonei-lhe às seis da tarde e às nove estava em casa dele a
mostrar-lhe as músicas. E ao fim de duas horas, depois de uns Gins lá pelo
meio, já havia não sei quantas letras. O Ary era um artesão das palavras,
aliás, como ele disse em poemas autobiográficos, e foi uma grande escola para
mim. Dominava o português se uma maneira tão genuína. E depois houve o convívio
todo, íamos para a ribeira às seis da manhã, depois de termos começado com
champanhe francês e acabado com Camilo Alves... vinho tinto. Era o que havia...
um descalabro.
Jorge Palma entrevista a Carlos Martinho.
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