Há limites exigíveis à alarvidade e mais ainda quando ela assume a consciência
de que o é.
José António Saraiva publicou ontem no
Expresso um texto raro de brutalidade, de falta de elementar noção do que é
viver.
Entendeu o director do Expresso fazer
uma crítica às ideias expostas em entrevista naquele semanário por Álvaro
Cunhal. E associou-as ao facto consabido de o histórico dirigente do PCP sofrer
de gravíssimos problemas de visão, próximos da cegueira, com uma imbecil
associação de palavras à sua «cegueira face à realidade».
Não se pretenderia que a capacidade
intelectual de José António Saraiva fosse capaz de reconhecer uma vida e uma
inteligência de coerência, mesmo dela discordando. Muitos, em todos os sectores
políticos do País, o fazem, mas tal parece estar além das possibilidades do
director do Expresso.
Tão-só se exigia que tivesse a elementar
noção, a pura e simples sensibilidade, o prosaico bom senso de entender que é
miserável contestar ideias de que se discorda apontando a quem as escreveu, as
pintou, as viveu e por elas deu a vida a tragédia pessoal que é perder o
sentido da visão.
Cunhal poderá estar próximo de perder o
que os olhos lhe deram. José António Saraiva nunca teve o que a vida lhe deu.
Ruben de Carvalho, Diário de Notícias de
8 de Junho de 2003.
1 comentário:
De onde se conclui que é mais cego o que não quer ver!Toino
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