«Há coincidências fantásticas. Esta semana, numa entrevista à CNN, João Moreira Rato, que é agora presidente do Banco CTT – mas já dirigiu o IGCP, o instituto que gere a dívida pública –, veio apelar ao Governo para “interromper a emissão dos Certificados de Aforro”.
Apesar de jurar que não era pelo facto de ser presidente do Banco CTT
que defendia esta posição, Moreira Rato concordou que sim, que travar os
Certificados de Aforro era o que todos os bancos preferiam que fosse feito.
Nem sete dias passaram para que o Governo prontamente respondesse à sugestão
dos “bancos”, enunciada nestes termos pelo presidente do Banco CTT. Esta
sexta-feira à noitinha, a série que dava 3,5% de juros foi cancelada e
lançou-se uma nova série, com os juros diminuídos para 2,5%.
Apesar de estarem a ganhar com o disparo dos juros do crédito à habitação e com
as políticas do Banco Central Europeu, os bancos comerciais continuam a
remunerar os depósitos miseravelmente, desincentivando a poupança e deslocando
quem pode para o investimento no imobiliário.
Pode o Governo fazer como fez este sábado e jurar a pés juntos que a
decisão foi tomada por razões de elevada sabedoria técnica e nunca para
contentar a banca. A coincidência temporal é tão grotesca, que é muito difícil
acreditar em vacas que voam (embora, já sabemos, o chefe deste Governo acredite
nisso e em versões desencontradas sobre como o SIS interfere num roubo, ou
talvez furto, ou talvez não roubo).»
Ana Sá Lopes, Público 4 de Junho
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