No final da entrevista de Javier Cercas ao Público, que já por aqui referi, o autor diz:
«A literatura serviu-me para não ser mais perigoso do que aquilo que sou. Sei
que escrevo por muitas razões. Gosto do que dizia Beckett: sou escritor porque
não sei fazer outra coisa.
Mas acho que, e há muitos casos, a
escrita surge de uma carência, de algo essencial que falta, e que se procura na
literatura. No meu caso, há algo fundamental que é o desenraizamento. Sou
essencialmente um desenraizado. Nasci numa aldeia e aos quatro anos os meus
pais levaram-me para um lugar longe onde não conhecia nada. Houve ainda um
outro acontecimento, uns anos mais tarde, que me fez perder a fé. A literatura
foi para mim um instinto de defesa. Como dizia Pavese, a literatura é uma
defesa contra as ofensas da vida. E é também uma forma de vingança.»
Cesare Pavese fez
parte da minha educação literária e de que tanto gostei, gosto.
Sei, desde a leitura
desta entrevista de Javier Cervas que terei de ler Cervas.
Seve, o nosso
habitual viajante, aconselhou-me Os Soldados
de Salamina.
Será por aí que
começarei.
Repetindo Pavese: «a literatura é uma defesa contra as ofensas
da vida.»
Legenda: fotografia de Vivian Maier
1 comentário:
Nunca li nada de Cesare Pavese, mas tenho alguns livros dele-tenho de deitar mãos à obra-.
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