Em Portugal existiu censura: às imagens, às palavras,
ao pensamento.
Em Novembro de 1945, Salazar disse:
«Declaro
não ter nunca percebido esta incoerência que ninguém ainda me explicou
claramente: por que motivo se exige atenta fiscalização dos géneros
deteriorados – o arroz, o bacalhau, a manteiga – e se descura completamente a
higiene do espírito, não a aceitando para os baixos sentimentos?
Este livrinho
de Papiniano Carlos, Edição de Autor, ao todo constituído por vinte e três poemas, foi impresso aos 11 de
Abril de 1946, na Tipografia da Livraria Progredior no Porto.
No dia 17 de Agosto
de 1946, José de Sousa Chaves, actuando como censor do salazarismo determina
que:
«Este livro, pela sua índole comunista e pelo seu
manifesto derrotismo não deve ser autorizado.»
Só por
ignorância e cegueira política o major censor poderia considerar estes poemas
de Papiniano Carlos como «derrotismo», porque a esperança de um povo na sua
luta contra a pobreza, a injustiça e a exploração, nunca pode ser considerada como «derrotista.
E assim, três
dias depois, a Direcção dos Serviços de Censura, proíbe Estrada Nova.
De entre os
poetas censurados pela ditadura, Papiniano Carlos terá sido dos mais
castigados. Foi inúmeras vezes preso pela PIDE, pelas actividades políticas
ligadas ao Partido Comunista Português.
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