terça-feira, 30 de abril de 2024

OS DIAS SEGUINTES A ABRIL 25


 30 de Abril de 1974

 Sim, amanhã é mesmo dia de festa.

Com ironia, Mário Viegas dirá que o 25 de Abril dele acabou no dia 2 de Maio.

Alguém, que não recordo agora o nome, disse que do 25 de Abril até ao 1º de Maio devo ter dormido, mas não me lembro. Na verdade, o dia mais longo da minha vida não foi bem um dia: começou naquelas horas vertiginosas do dia 25, até ao 1º de Maio, e que continuaram a sê-lo durante uns meses.

Por fim, uma outra citação anónima:

Quem não viveu, esqueceu ou renunciou às delícias das ilusões desses grandes dias nunca vai conhecer o exacto perfume das flores.

Em todas os jornais podem ler-se chamadas de atenção para que, nas manifestações do 1º de Maio, o povo e os trabalhadores, tivessem cuidado com eventuais provocadores.

Esta veio publicada no Diário Popular:


Na véspera, na RTP, Sá Carneiro deu uma entrevista com um blá-blá-blá de que Mário Castrim não gostou muito, e escreveu:

Diário de Lisboa lembrava que, no 1º de Maio, as padarias e os depósitos de pão estavam encerrados: e colocava em título:

Constante das notícias deste dia, o regresso a Lisboa, vindo do exílio, de Álvaro Cunhal.

Nas páginas interiores do República podia ler-se que certa gente começava a deixar as garras de fora.

A Junta de Salvação Nacional veio publicamente salientar que os trabalhadores dos CTT eram alheios a quaisquer diligências, actividades ou intervenção na violação da correspondência. Essa  violação era feita directamente pela PIDE-DGS, que requisitava aos CTT, a correspondência de suspeitos de actividades contra a ditadura.

Por decreto, a Junta de Salvação Nacional, dissolvia a Acção Nacional Popular e destituía o Chefe de Estado Américo Tomás e o Chefe do Governo Marcelo Caetano.

O almirante Henrique Tenreiro apresentou-se voluntariamente da Cova da Moura e ficou detido.

Na 1ª página de A Capital, uma fotografia mostrava a ex-comissária da Mocidade Portuguesa Feminina a entregar a José Manuel Tengarrinha a chave das instalações onde passaria a ficar sediado o M.D.P:


Na última página do Diário de Lisboa ficava a saber-se que o ex-pide Sachetti foi preso quando tentava passar a fronteira em Valença.

No Porto, um ex-pide suicidava-se.

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