quarta-feira, 7 de agosto de 2024

INTRÓITO

Sejas tu quem fores, ao anoitecer sai
do teu quarto, onde tudo sabes;
na distância a tua casa é a última,
sejas tu quem fores.
Com os teus olhos que, cansados, apenas
se libertam do desgastado umbral,
ergues muito lentamente uma árvore negra
que plantas diante do céu: esbelta e só.
E criaste o mundo. E é grande
e como uma palavra, que amadurece ainda no silêncio.
E como a tua vontade capta o seu sentido,
os teus olhos libertam-no ternamente.

Rainer Maria Rilke O Livro das Imagens

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