domingo, 3 de novembro de 2024

DEIXAR RASTOS PELO CAMINHAR DOS DIAS


Quando os meus filhos nasceram, o fumo do meu cachimbo recebeu-os um a um, como uma nuvem de boas vindas. Uma nuvem feita de imaginação e de sonho. Todas as minhas casas ficaram impregnadas desses odores – a cada um o seu perfume…
Mais tarde, quando me separei, os meus filhos confessavam-me que sentiam a falta do cheiro do meu cachimbo. Pelo menos ficou-lhes o meu rasto… Efémero, como qualquer fumo.

António Carvalho, Diário de Notícias s/d 


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