«Se recordarmos a Guerra dos Cem Anos que assolou a Europa durante a Idade Média, concluímos, sem que isso nos sirva de especial consolo, que há guerras que vieram para durar.
Temos, porém, de ser honestos. Se o apoio a Israel sempre dividiu a direita, se em certos desmiolados reclamar uma origem judaica mais ou menos longínqua alicerça-lhes não mais do que a ideia bacoca de pertencer ao “povo eleito” – um “privilégio” que ignora os versos esmagadores de Edmond Jabès: “Tive um sonho, Senhor, e no instante em que o vivia achei-o maravilhoso: já não era judeu” –, a verdade é que a esquerda nunca morreu de amores por Israel, excepto talvez no curto período inicial dos kibutzim, nos quais alguns viram a esperançosa reedição dos sovietes operários. Na actualidade, o radicalismo político de Benjamin Netanyahu acaba, afinal, por ser de grande conveniência para quem há muito considera Israel um Estado sem direito a existir.»
Ana Cristina Leonardo da crónica no Público
de 11 de Outubro
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