quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O ESPÍRITO DO NATAL


Ano após ano em Dezembro a
árvore artificial
deixa o encerro da cave para ser
a luz do frio. É um pinheiro da China. Quem
se deitar a fazer contas ao ágio
dessoutro negócio
(vinte e quatro mil escudos: já
lá vão nove invernos) a
coisa
está mais ou menos por
dois contos e tal
o natal. Mau grado à sua copa (inerte
 e inodora) falte
o olor a caruma dos natais da minha infância
nela escudo a floresta que ficou por abater
todo um mundo de plástico que
me sobrevirá.

João Luís Barreto Guimarães

Poema retirado de “Natal… Natais”, antologia de Oito Séculos de Poesia Sobre o Natal, organizada por Vasco Graça Moura, “Público”, Lisboa s/d

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