domingo, 11 de dezembro de 2011

NATAL


Primeiro foi o al:
o nat veio depois
-falsário a passo de sáurio
Que o seguimento das sílabas
Jamais jogou arbitrário.

Fomos depressa à chaminé
trocar sapato por chapéu
(o universo via-se inverso).
O Pai Natal procedeu
traidor ao imaginário
(igual anos e ao que é)
e não subiu nem desceu.

Afinal nem al nem nat!
A mãe da Teté surpresa
disse o grande disparate
da quadra
(dos de não dizer à mesa),
Tal na cozinha a criada
Se lhe apalpamos a nádega.

Éramos crianças e a crença
era de ver e ter; fomos roubadas
como plo lobo da estepe.
Ser criança é a esperança
tornada coisa brincável.
Além no canto o presepe

decerto  mais respeitável.
Tácitos  convimos pois
não o ver e não olhá-lo,
preferimos dali nada esperar
com medo
de sofrer também pelo outro lado.

Carlos Wallenstein, poema tirado de Natal…Natais, Antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Público, Lisboa s/d

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