sábado, 18 de fevereiro de 2012

JANELA DO DIA



Por norma os fins-de-semana são dias parcos em notícias, os políticos os fala-barato, vão arejar e, apenas ficam as outras notícias, normalmente mortes outras tragédias, por vezes, um acontecimento feliz.
É um tempo propício para colocar à janela o que, nos últimos dias fui lendo pela concorrência.


1.

Nunca lhe disse que o quadro que me ofereceu, nunca teve uma parede. Muito menos que andou aqui e ali, à espreita do lugar ideal.

Houve um tempo que esteve em cima da minha secretária, forçando-me a descobrir pelo menos um novo pormenor por dia. Quando já estava todo "marcado", guardei-o numa pasta, onde ainda se mantém, à espera de uma casa nova, que combine melhor com as suas tonalidades e também com a mulher que aparece quase no meio, que reconheço a espaços, provavelmente por causa da cor do cabelo...

Luis Eme no Largo da Memória

2.

Começa a ser um tique desta maioria. Querem despedir quem discorda. Querem expulsar os críticos das profissões e posições que ocupavam antes deste governo chegar ao efémero poder. Um secretário de Estado da Juventude mandou emigrar os professores; o ministro da Defesa sugeriu que os militares descontentes com as medidas do governo saíssem das fileiras, onde construíram geralmente uma carreira de muitos anos com colocações em vários pontos do país, e até fora dele; agora um deputado do CDS, que não conhece outro mundo do que o oferecido pela jota partidária, opinou, sem bom-senso mas com despudor, que os funcionários públicos que não queiram submeter-se às regras de mobilidade que a maioria tem em mente, devem pedir a sua demissão, quem sabe se para dirigirem, em regime gracioso, algum clube desportivo na sua terra. Mas quem é esta gente que pensa que pode por e dispor das pessoas desta maneira? E só vamos em sete meses de folia...

José Medeiros Ferreira no Córtex & Frontal

3.

O pré-aviso está feito: no próximo dia 17 de Fevereiro, os trabalhadores das livrarias Bulhosa estarão em greve, exigindo à empresa o pagamento dos salários em atraso e a resolução dos problemas laborais que se arrastam há meses. Se a solidariedade ‘virtual’ serve de alguma coisa, e eu acredito que serve, aqui fica o apoio do Cadeirão Voltaire.

Sara Figueiredo Costa no Cadeirão Voitaire

4.

Louva-se muito o silêncio (ou a experiência do silêncio possível, se quisermos ser mais exactos) do campo, mas na verdade isso é um lugar comum, nem sempre certo e nem sempre agradável*; já dei por mim a acordar assustada com o silêncio de Santa Cruz. O que eu gosto mesmo são os ruídos em surdina da cidade, de madrugada ou de manhã cedo, quando ainda estou na cama: os carros que passam na avenida de vez em quando, uma porta a fechar, alguém que tosse. Uma narrativa lenta sem história.

Lido no Malone meurt


Legenda: o óleo é de Eric Rimmington e tirado do Largo da Memória.

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