segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Se fosse vivo, François Truffaut faria hoje 80 anos.

Com Truffaut é obrigatório dizer que estamos perante um cineasta amável, que fazer filmes era a sua felicidade suprema, que amava as mulheres, bem sei que as pernas de uma  mulher marcam o compasso do mundo e não há na mulher um aspecto, a não ser os outros aspectos, que se compare à beleza das suas pernas,  mas que, sobretudo,  amava profundamente o cinema, e que tudo fez para que todos gostassem de cinema.

Assim seguiu as pisadas de Alfred Hitchcock, por quem tinha grande admiração, quando disse que a melhor maneira de respeitar o público era dar-lhe prazer, a tal fatia de bolo que ele dizia que devia ser um filme.

É esse amor pelo cinema que é notável em Truffaut.

Morreu cedo demais e sentimos desesperadamente a falta que nos faz, nenhum outro cineasta nos fez tanta falta para seguir o que então disseram os seus pares.

Também é bom, quando o inevitável acontece, sentir a falta de alguém.

Jean Pieer Léaud, o seu actor preferido,,nas exéquias, no cemitério de Montmartre, disse aos jornalistas:

Direi o mesmo que Truffaut depoais da morte de Jean Renoir: sentir-lhe-ei a falat toda a vida.                        

Chamaram-lhe um enorme fazedor de sonhos e nunca deixou de dizer:
 Faço filmes para realizar os meus sonhos de adolescente, para me sentir bem e, se possível, para fazer os outros sentirem-se bem. Para muitos o cinema é uma escrita; para mim será sempre um espectáculo, onde não é permitido aborrecer as ou dirigir-se só a uma parte do auditório. Como todos os s autodidactas, antes de tudo pretendo convencer.

Delicio-me com A Sereia do Mississipi, dá-me um gozo imenso ver O Homem que g
Gostava das Mulheres, perturbo-me, a roçar a angústia, com Jules e Jim, mas todos os seus filmes têm sempre qualquer coisa que não permitem falar de tempo perdido quando os olhamos.,

François Truffaut teve uma paixão sem medida por Liliane Dreyfus, mas o cínico, o oblíquo  Goddard, pode-se adivinhar porquê, tratou de destruir essa paixão.
Quando se zangaram Truffaut lembrou-lhe:
Eu sabia que tinhas tentado seduzir Liliane dizendo-lhe “François já não te ama, está apaixonado por Marie Dubois que entra no seu filme” e eu achei isso lamentável, mas comovente sim, porque não, comovente, no limite.

Entre Liliane e Truffau, as coisas nunca se compuseram e a história não acabou nada bem. Ela acabou por casar com outro só para ooirritar, mas também disse:

François foi uma grande paixão na minha vida. E creio que também contei muito para ele, porque ao longo dos anos conservou essa espécie de amizade, fidelidade e ciúme a meu respeito. Era um desses homens que nunca conseguimos deixar.

Mais não é preciso dizer e, também, mais não quero dizer.

O cinema, o meu cinema é a memória de François Truffaut.

Saudá-lo nos seus 80 anos, esteja lá onde estiver, é pagar uma dívida.

De gratidão.

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