terça-feira, 5 de março de 2013

OLHAR AS CAPAS


Hitchcock Diálogo com Truffaut

François Truffaut, com a colaboração de Helen Scott
Tradução: Regina Louro
Capa: Fernando Felgueiras
Publicações Dom Quixote, Fevereiro de 1987

O MacGuffin é um expediente, um truque, uma senha, chamamos a isso um ginmick.
Sabe que Kipling escrevia frequentemente sobre as Índias e sobre a luta dos Britânicos contra os indígenas nas fronteiras do Afeganistão. Em todas as histórias de espionagem que evocam esse ambiente havia, invariavelmente, roubo dos planos da fortaleza. Era o MacGuffin. MacGuffin é, portanto. O nome que se dá a este género de acção… os papéis, roubar… os documentos, roubar… um segredo. Na realidade isto não tem importância e os lógicos fazem mal em procurar a verdade no MacGuffin. No meu trabalho, sempre pensei que os «papéis», ou os «documentos», ou os «segredos» da fortaleza devem ser extremamente importantes para as personagens do filme mas sem qualquer importância para mim, narrador.
Agora, de onde é que vem o termo MacGuffin? Lembra um nome escocês e podemos imaginar uma conversa entre dois homens num comboio. Um diz ao outro: «Que embrulho é aquele que você pôs na rede?» O outro: «Ora! É um MacGuffin.» E o primeiro «O que é isso, um MacGuffin?» O outro: «Olhe, é um aparelho para apanhar leões nas montanhas Adirondak!» O primeiro: «Mas não há leões nas Adirondak!» Então o outro conclui: «Nesse caso não é um MacGuffin.» Esta anedota mostra-lhe o vazio do MacGuffin… o nada do MacGuffin.

Sem comentários: