quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

HINO DE CAXIAS


Sempre tive como referência que a autoria do Hino de Caxias, pelo menos a sua letra, é do poeta Vasco da Costa Marques. Há fontes que também lhe atribuem a autoria da música.

Também há quem considere que o Hino de Caxias é um trabalho colectivo em que terá colaborado Vasco da Costa Marques juntamente com outros seus camaradas presos na mesma cela em Caxias.

A única versão que possuo do Hino de Caxias faz parte de uma gravação ao vivo, editada em cassette, de um espectáculo realizado no Pavilhão dos Desportos, nos dias 18 e 19 de Março de 1977, com texto de José Carlos Ary dos Santos, Manuel Branco, Joaquim Pessoa, Rui Pedro, João Rodrigues, Ruben de Carvalho e publicada pelas Edições Avante.

Todas as canções interpretadas no espectáculo têm indicação dos respectivos autores, excepto o Hino de Caxias o que, provavelmente, remete para a sua autoria colectiva.

Seja como for, trata-se de uma peça importantíssima da luta contra a ditadura.

 Longos corredores nas trevas percorremos
sob o olhar feroz dos carcereiros
mas nem a luz dos olhos que perdemos
nos faz perder a fé nos companheiros.

Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.

Cortam o sol por sobre os nossos olhos
muros e grades encerram horizontes
mas nós sabemos onde a vida passa
e a nossa esperança é o mais alto dos montes.

Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca.

Podem rasgar meu corpo à chicotada
podem calar meu grito enrouquecido
que para viver de alma ajoelhada
vale bem mais morrer de rosto erguido.


Vá camarada mais um passo
que já uma estrela se levanta
cada fio de vontade são dois braços
e cada braço uma alavanca. 

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá camarada!

Gostei imenso do teu post!
Adorei o vídeo, das versões que tenho encontrado online deste hino esta é a que tem melhor sonoridade! e o acompanhamento de imagens, mais a mensagem final, fazem do filme algo mesmo muito bom!

Este hino, para além da carga afirmativa e revolucionária que possui, marca-me também pessoalmente, porque lembro-me de, em 1998, tinha eu 16 anos, vivia no Porto, mas vinha volta não volta a reuniões da JCP em Lisboa, e cantavamos isto em pleno bairro alto!

Um grande e fraterno abraço

sammyopaquete disse...

Obrigado.
Também um grande abraço.

iDEIAS disse...

Boa noite, dispõe ou sabe de alguém que disponha destas cassetes para venda? Cumprimentos

Sammy, o paquete disse...

O exemplar que possuo comprei-o na Feira da Ladra, no já longínquo ano de 1978. Penso que será o único sítio onde as pode encontrar, naqueles vendedores que colocam tudo no meio do chão e há que vasculhar, vasculhar, algo que requer uma paciência de outro mundo.
Uma outra ideia será um Centro de Trabalho do PCP.
Cumprimentos.

Vitor Sarmento disse...

Mais ou menos em 1997, numa Festa do Avante, o Aurelio Santos disse-me que esta letra teve as participações de: Carlos Costa, Costa Marques, Humberto Lopes, o proprio Aurelio e ainda o Rolando Verdial, que se veio a passar para a PIDE.

Sammy, o paquete disse...

Sempre tive a ideia de que o «Hino de Caxias», música e letra, é um trabalho colectivo.
O seu comentário, que muito agradeço, reforça essa ideia.
A autoria exclusiva da música e letra serem de Vasco da Costa Marques, pertence a Mário Castrim que o deixou expresso numa crítica televisiva no «Diário de Lisboa», quando Vasco da Costa Marques, meses depois do 25 de Abril, participou no programa «Escrever é Lutar» da RTP da responsabilidade de José Carlos Vasconcelos e Fernando Assis Pacheco.
Mais tarde, pessoalmente, coloquei-lhe a questão da autoria e ele garantiu-me que era mesmo de Vasco da Costa Marques. Ambos eram, na clandestinidade, militantes do Partido, viviam em Santo Amaro/Alcântara e Castrim tinha um conhecimento da obra policopiada de Costa Marques que circulava de mão a em mão - «Cada braço uma alavanca.»
O importante de tudo isto, é sabermos o papel que o «Hino de Caxias» teve na luta, dentro e fora das prisões, a forte contribuição para a queda da ditadura.
Abraço.