sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A CAPITAL


Neste dia, no ano de 1967, saía o primeiro número de A Capital

O jornal nasce de uma cisão dentro do Diário de Lisboa.

Sai o Director, Norberto Lopes, o sub-direcotr Mário Neves, e alguns jornalistas acompanham essa saída, outros são recrutados.

Gente credível desse tempo, foi de opinião que a cisão tem nas suas origens razões políticas. Sendo o principal jornal da oposição à ditadura, o outro era o República, mas de menor circulação, parte da redacção não concordava com o conservadorismo, a pouca definição política de Norberto Lopes.

Conheço poucas opiniões sobre o sucedido.

Existe a de Mário Neves, publicada no Expresso de 1 de Dezembro de 1990 que, não duvidando da honestidade de Mário Neves, me parece, apesar de tudo, pouco sustentável:

 O Guilherme Pereira da Rosa, um dos donos do DL, resolveu, por motivos familiares, vender a sua parte. Para cumprir um pacto antigo, ofereceu primeiro a quota aos outros donos. Mas eles ofereceram-lhe cinco mil contos, um preço excessivamente baixo tendo em conta que o jornal estava muito vulgarizado. O Pereira da Rosa então vendeu ao Banco Nacional Ultramarino. Acontece que tudo isso se passou à revelia da redacção. Quando soubemos, ficámos alarmados. Afinal de contas, o BNU estava ligado    à situação a Salazar. O Norberto Lopes e eu, que éramos director e director adjunto do DL resolvemos então sair.

Aconteceu que o Diário de Lisboa não deixou, de prosseguir a luta, possível luta dada a censura, contra a política salazarista e, seja-me permitida a opinião, ainda com mais rigor e vivacidade.

Curiosamente, Norberto Lopes na sua primeira Nota do Dia em A Capital, a dado passo, cita La Bruyère: os homens seriam talvez piores, se viessem a faltar-lhes os censores e os críticos.

Ele saberia do porquê da citação…

Neste primeiro número de A Capital é publicado o Suplemento Literário, coordenado por Álvaro Salema.

Publica um polémico artigo de José Régio sobre o filme de Arthur Penn Bonnie &Clyde que dá origem a uma longa polémica entre jornalistas, críticos de cinema e escritores, com destaque para Agustina Bessa-Luís, pouco dada a este tipo de aparições

Régio sustentava a opinião de que o filme não era uma obra de arte e, pela sua violência seria prejudicial quando visto por jovens.

A crítica literária estava entregue a Fernanda Botelho, Rogério Fernandes e José Saramago.

O futuro prémio Nobel da Literatura, fazia a crítica ao livro Vida Crioula de Teobaldo Virgílio, que terminava assim:

Vida Crioula é uma bela afirmação de vitalidade. Do seu autor e da capacidade criadora do cabo-verdiano. Não nos fará mal nenhum (e apostemos que muito bem nos fará) olhar com atenção para a literatura de Cabo Verde. Lá se escreve um excelente português – coisa de que vamos estando desabituados no Chiado…

O último número de A Capital, foi publicado no dia 30de Julho de 2005.

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