segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

PIOR QUE COISA DE LABREGOS!


Sou contra as praxes.

Por muitas histórias que me contem, não as compreendo nem aceito.

A tragédia da praia do Meco tem mostrado o lado negativo de uma comunicação social doentiamente interessada em vender papel e agarrar audiências.

Mostrou também o atraso com que as autoridades, policias e judiciais, lidaram com o problema.

Acresce a idiotice do presidente do Conselho de Administração da Lusófona, que é de opinião que as praxes são meras brincadeiras e que todos os dias morrem pessoas nas estradas e não vamos proibir alguém de andar na estrada, a Lusófona essa parideira de alguns doutores cujo principal rosto é o ex-ministro Miguel Relvas

And last but not the least a falta de tomates do ministro da Educação, tão lesto a tratar os professores a pontapé e acobardando-se ao ponto de não conseguir a tomada de uma posição clara e inequívoca sobre os limites das praxes.

Do que tenho ouvido e lido sobre a dramática brincadeira do Meco quero realçar a opinião de Pacheco Pereira e de Vasco Pulido Valente, ambas expressas no Público de 25 de Janeiro.

Lei agora, via Meditação na Pastelaria, a opinião do escritor Mário de Carvalho que num curto, mas certeiro, texto, coloca as praxes no devido enquadramento: pura javardice.

Antes da REACÇÃO contra a revolução do 25 de Abril de 1974, não havia praxe em Lisboa. O espírito crítico de um escol cultural, prevalente na Universidade, tinha padrões exigentes. Ensino superior não queria dizer ensino inferior. Era uma elevação sobre a miserável circunstância dominante. A praxe era considerada – e bem -- COISA DE LABREGOS.
Em Coimbra, nos anos sessenta, após as críticas corajosas de Flávio Vara (“ O Espantalho da praxe…” 1958) e a chegada de uma geração mais desempoeirada, a praxe quase desapareceu. Reinstalaram-na depois com todo o seu fétido programa passadista.
A praxe é o abraço alcoolizado entre o ricaço marialvão, abrutalhado e analfabeto e o povoléu boçal e trauliteiro, folclorizando o servilismo medieval em vestes eclesiásticas. Ao fim e ao cabo, o velho Portugal alarve, mendigo, medievalóide e agachadinho, mas de telemóvel em riste.
Não se ponderem gradações entre um medievalismo civilizado e um medievalismo excessivo. Toda a praxe é desprezível. No estado a que as coisas, desgraçadamente, chegaram, proibir seria contraproducente. Mas há muitas formas de desencorajar. E os professores – que têm sido, aliás, de uma distracção cúmplice (mea culpa) – sabem isso bem.
Oxalá os estudantes se dêem conta de como foram inferiorizados e transformados em «jovens velhinhos» por uma súcia rasca.
Tanto mais que a situação assume contornos sinistros e mafiosos. Ao que parece, com “omertà” e tudo. Um atavismo lusitano vem fazer de hífen entre a tradição siciliana e o nórdico Nacional-Socialismo.
Pior que mera COISA DE LABREGOS.

Legenda: imagem do Público.

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