sábado, 13 de junho de 2015

PERCEBER ÁLVARO CUNHAL


O Diário de Notícias de hoje traz uma entrevista com José Pacheco Pereira, biógrafo de Álvaro Cunhal.


Não se conheceram, Cunhal nunca aceitou falar com um biógrafo tão meticuloso que o biografado acabou por reconhecer: "Ele sabe mais do que eu sobre a minha vida", terá desabafado.

 José Pacheco Pereira está a ultimar o 4º volume da biografia de Álvaro Cunhal.

Entre 1999 e 2005, publiquei três volumes de uma biografia de Álvaro Cunhal, e estou neste momento a trabalhar no quarto, correspondendo aos anos de 1960-1968. Começa na primeira noite que Cunhal viveu em liberdade, depois da fuga [da prisão de Peniche], e termina com a queda de Salazar da cadeira e a sua incapacitação para continuar presidente do Conselho. Será o primeiro volume da série que termina num facto cujo significado é essencialmente político, o início do "marcelismo", e não é marcado por nenhum acontecimento dramático da vida do próprio Cunhal.


Fazer uma biografia a sério de Álvaro Cunhal implica verificar todos os dados que já se conhece, muitos deles errados ou imprecisos, e tratar a matéria de forma diferente dos trabalhos têm saído, onde nada é verificado.

Cunhal nunca o fez, nem ninguém do PCP por ele, e isso foi o primeiro sinal que tive de que a recepção do primeiro volume e dos seguintes pelo biografado tinha sido mais favorável do que os meus receios iniciais. Mais tarde vim a saber por diferentes testemunhos, que Cunhal manifestou várias vezes, na fase final da sua vida, uma apreciação positiva da biografia. Disse ao seu médico que eu sabia "mais da vida dele" do que ele, o que num certo sentido era verdade.


Tenho a presunção de pensar que percebo Álvaro Cunhal.

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