quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

ACORDO AO DESACORDO

11 de Maio de 1968

Descobri ontem (suponho) que o meu agravamento gástrico está relacionado com os cigarros de folha de tabaco que ultimamente uso. Os de papel faziam-me bastante mal aos brônquios (catarreira, etc.), o que estes monoraram imenso. Mas deixam um depósito escuro na língua, que degluto. Está claro, e vai incidir no tubo digestivo. Volto ao papel: mais vale tosse que dor. Tudo é morrer – mas viva o conforto! Eis-nos de acordo ao desacordo.

Que é tudo isto senão a presença, já palpável da morte? Há quem a adorne e quem a desadorne. Quem a almofade e quem a desalmofade. Quem se «esconda» dela increpando a companhia que tem. Tudo é morrer, que importa? Mas há quem se importe, e é o diabo! Ao menos é-se pessoal e intransmissível nisso… Que bom! Que lindo!

Mário Sacramento em Diário

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