segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

O ABISMO

Com a sua pele de poço, pele comprometida com o medo que no

fundo fede e a que, digamos, toda ela adere de uma forma resoluta,
dir-se-ia que se engancha, se pendura, o branco da memória a alastrar

pelo corpo, um branco tão branco como o das noites em branco e

 sobre o qual a idade, exorbitada, hiante, se insinua, pensos, ligaduras,

impregnados de memória, uma memória onde fulgura a lava dos senti-

dos que entram em actividade e lhe disputam os dias idos, assim ergue

a balança, onde sustém o abismo.

 

Luís Miguel Nava em Poesia

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