quinta-feira, 3 de março de 2011

A GRANDE FRAUDE


Adquiri este livro na altura do seu lançamento, para oferecer a um amigo apoiante do PS, acabou por emprestar-mo sem sequer o ler, e assim fiquei na posse daquele que afinal é um “livro maldito”, e envolto em histórias misteriosas e mirabolantes, envolvendo a obra e o seu autor. Ao contrário de outras obras do género, de outros autores referentes a outros partidos, este está muito bem fundamentado, tendo uma quantidade enorme de anexos, onde se mostram documentos que suportam aquilo que é relatado pelo autor, ele próprio testemunha e protagonista de acontecimentos bem interessantes.

O Partido Socialista e Mário Soares, são para mim duas das maiores fraudes da nossa História recente, se alguém movesse um processo ao PS por publicidade enganosa, ganharia facilmente. A própria designação é uma fraude, seria a mesma coisa que uma marca de automóveis comercializasse um modelo designado “Impala Diesel”, e depois de o comprar verificássemos que tinha um motor a gasolina. Argumentariam os seus publicitários contratados, que Diesel era uma forma de expressão, mas que a gasolina até é menos poluente e mais responsável. O PS nunca foi um Partido Socialista, tendo utilizado essa forma para ganhar expressão numa altura em que “Socialismo” era sinónimo de obtenção de popularidade.

Mário Soares, um dos seus fundadores e principais mentores, auto-proclamado de “Pai da Democracia”, paternidade essa também defendida pela infinidade de “Barrosos” que por aí pululam, e por alguns insignificantes publicitários amadores. Soares sempre agiu em seu próprio interesse, não se inibindo de atropelar quem ou o que quer que seja, praticando o culto da personalidade, começou até por criar uma imagem fictícia de si mesmo, assumindo uma importância que na realidade não tinha, conforme se pode comprovar nas seguintes passagens do livro :

“A ideia, a partir do momento que se sabe que os portugueses querem seguir um destino comum ao dos seus congéneres europeus, de que quem tinha amigos ricos na Europa era rei! Chegar--se-iam mesmo a descrever relações internacionais sem o menor sentido de modéstia e das proporções, tendo o líder socialista afirmado até ser «evidentemente… amigo pessoal do Schmidt, do Willy Brandt, do Callagham, do Olof Palme, do Yoergensen,do Kreisky, do Mitterrand, etc. Posso pegar em qualquer momento no telefone e falar com eles». Mesmo que fosse verdade em 1979 e que, com excepção de Mitterrand, Mário Soares conseguisse falar com qualquer desses «amigos pessoais» numa linguagem comum,esta afirmação visava o mesmo objectivo dos motards de Samora Machel.A realidade era contudo muito diferente, sobretudo, antes do 25 de Abril de 1974!”
“À excepção de Mitterrand, jamais conseguiria encontrar nos escritos de Palme, Kreisky, Brandt ou Wilson, nem tão-pouco nas suas biografias, uma única referência ao líder português comprovativa daquela autoproclamada amizade. E estes são os exemplos da família socialista. Em contraste, por exemplo, Felipe González, apesar de pertencente a uma geração mais jovem, é frequentemente referenciado por todos eles.”
“Os socialistas europeus tinham a sensação de que o recém-nascido movimento socialista português era uma criação artificial pequeno-burguesa ou, como diria mais tarde o conhecido e radical ex-ministro britânico, Tony Benn, referindo-se ao líder do PS, «bastava olhar para ele para ver que nada tinha que ver com o socialismo da classe operária»”

A leitura deste livro é bastante interessante, e ajuda-nos a entender melhor o que se passa hoje, por razões obscuras, não é um livro fácil de encontrar, mas existem alguns “sites” e “blogues”, que o disponibilizam em formato digital. Aqui se poderá perceber como é que foi construída a falsa imagem de Mário Soares, e como, utilizando meios do estado, nas suas voltas ao mundo arregimentou vários difusores para melhor fazerem passar a imagem criada de um homem que quase arrastou o país para uma guerra civil, que foi amigo de al-Kadhafi, ou que apontou Nicolae Ceausescu como exemplo a seguir em Portugal, e que alguns continuam a querer atribuir-lhe uma paternidade que ele comprovadamente não tem. Sendo alguém que se move na política por interesses pessoais, mesmo a nível económico, e por sentimentos de vingança, considerando-se a si mesmo de intocável.

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