segunda-feira, 28 de março de 2011

IDÍLIO EM BICICLETA


Estava um calor abrasado(r) e, ao inflectir para a esquerda, um vendedor de gelados, daqueles que transformam a bicicleta em triciclo e instalam um pequena caixa térmica à frente, chama-me. Na verdade ainda pensei ignorá-lo, fingir que não o ouvi, pois certamente queria bombardear-me com perguntas sobre a viagem e, com este calor, não me apetecia. Mas lá virei a cabeça e ele acenou-me para lá ir (ainda por cima tinha de ser eu a deslocar-me, pensei). Depois de me apertar a mão, abriu a caixa dos gelados e estendeu-me um dulcíssimo gelado de manga, de fabrico caseiro, já se vê, envolto numa película de plástico transparente e com o pauzinho artesanal. Ainda lhe perguntei se podia pagar-lho, mas respondeu-me com um sorriso feliz, que nem pensar, era “regalo” para me refrescar de tanto calor. E lá foi e eu lá fui, por caminhos que não mais se cruzarão, apenas na memória simples destas palavras singelas.

Texto e imagem de Idílio Freire

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