segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SARAMAGUEANDO



Manual de Pintura e Caligrafia.

Arriscaria que talvez seja dos livros menos lidos, menos abordados, menos queridos de José Saramago.

Também há a História do Cerco de Lisboa e Jangada de Pedra.

Li-o um bom pedaço de tempos antes de José Saramago se ter revelado, ao grande público, – por que não à crítica? – o escritor que veio a ser.

Um brilhante exercício autobiográfico.

Gostei tanto de o ler que volta e meia pego-lhe.

Largamente sublinhado, é-me fácil encontrar pedaços como este:

E, agora repouso em Positano, nesta costa de Salerno que eu baptizei de «bem-aventurada» antes de saber que a propaganda turística oficial lhe chamava «la divina costiera». Ambos temos razão: esta paz é divina e bem-aventurada. Mas ali vai, é ela Melina Mercouri, de chapéu de palha e vestido comprido, pálida e magra, com Jules Dassin. Arranco-me à indolência do sol e imagino este diálogo entre mim e  ela: «Então, Melina, continua fora da Grécia. Aqui tão perto, e não pode entrar na sua terra. Como vão as coisas por lá?» E logo a resposta: «E por lá, como vão as coisas?»
Regresso ao meu lugar, olho as águas paradas deste mar interior que sabe tantas e tão antigas histórias, e repito a mim mesmo a pergunta: E por lá, como vão as coisas?»

Percorri ruas e ruelas para encontrar uma imagem de Melina de chapéu de Palha.

Não consegui.

Detive-me nesta, que faz parte de Nunca ao Domingo , em que aparece ao lado de Jules  Dassin, actor e realizador do filme, pai de Joe Dassin, um dos cantores franceses da minha adolescência.

Fica também a canção tema do filme da autoria de Manos Hadgidakis.

Já agora, e para que passem dias diferentes para melhor:

 Não deixem de ler o livro do Saramago e ver o filme de Dassin.




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