terça-feira, 6 de maio de 2014

OLHAR AS CAPAS

Jules e Jim

Henri-Pierre Roché 
Tradução Ana Luísa Faria 
Capa Luís Miguel Castro
Relógio d’Água, Lisboa s/d

A carreta chegava ao forno crematório.
Jules penetrou no segundo recinto.
O caixão de Jim era ainda maior do que ele fora em vida, o de Kathe um estojozinho a seu lado. Voaram em Chamas à medida que iam entrando na goela ofuscante dos fornos.
Ao fim de uma hora a carreta de ferro tornou a sair. O esqueleto de Kathe, incandescente, sugeria ainda a sua forma. Fazia lembrar uma supliciada triunfal. Apagou-se e desfez-se em poeira. Um fragmento de crânio subsistiu, friável. Um malho de prata acabou de o desfazer.
Depois foi a vez do comprimido Jim, outro supliciado. Também do seu crânio restou um vestígio.
As cinzas foram recolhidas em urnas, e arrumadas em gavetas, logo a seguir seladas.
Sozinho, Jules tê-las-ia misturado.
Kathe sempre manifestara o desejo de que lançassem as suas ao vento, do alto de uma colina.
Mas não era permitido.

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