sexta-feira, 16 de maio de 2014

OLHAR AS CAPAS


Textos Locais

Luiz Pacheco
Semi-prefácio: Mário Cesariny de Vasconcelos
Posfácio: Serafim Ferreira
Contraponto, Alcobaça, Maio de 1967

Dos jardins fantásticos da minha infância que eu nem tive infância nasci assim já velho mas sou um bocadinho bonacheirão incapaz de rancor aos meninos que tiveram infância e jardins, trago um na lembrança que era um jardim muito engraçado havia um coreto a música tocava aos domingos havia um urinol com aquele velho maluco que fazia coisas aos rapazes e também lembro um jardim, outro ou seria o mesmo que era um jardim muito engraçado com uma estantezinha verde o tipo que emprestava os livros à gente tinha uma farda preenchia-se um papel com o nosso nome e morada era coisa séria. Os jardins da minha infância tinham lagos peixes vermelhos flores subtis perfumes quentes cores triviais recantos de sombra lugares comuns esconderijos giros para a gente brincar. Não me lembro, ah que pena os namorados sim os namorados devia haver nos bancos do jardim ou perdidos passeando de mãos dadas falando ou calados apertados, não me lembro.

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