domingo, 15 de fevereiro de 2015

EM LOUVOR E SIMPLIFICAÇÃO DE MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS


Por quê Mário?
Por quê Cesariny?
Por quê — ó meu Deus de Vasconcelos?
Não sabes que um polícia de costumes é o agente interino
da moral dos vitelos?

Alarga Mário a larga pássara do canto
e verás que à ilharga da imagem
o deus da vadiagem
fará de ti um santo.

Meu santo minha santa
Filomena tirada dos altares
quando a alma dos outros é pequena
melhor é ir a ares.

Areja Mário a pluma que sobeja
ao teu surrealismo
antes o ar de Londres que o de Beja
antes a bruma do que o sinapismo

Fornica meu poeta
sem a arnica
dos padrecas da terra.
Antes em Telavive que o tal estar
aqui
de cu pró ar
a ver quem nos enterra.

A fundo     Mário se quiseres
baratinar os chuis.
Nem vinho     já sabemos     nem mulheres
mas os colhões de teres
os três olhos azuis.

José Carlos Ary dos Santos em Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, Edição de Fernando Ribeiro de Mello, Lisboa s/d

Legenda: Marinheiro, pintura de Mário Cesariny de Vasconcelos

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