sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

HÁ 50 ANOS



Nenhum jornal colocou na 1ªpágina a passagem dos 50 anos sobre o dia em que, Humberto Delgado, caindo numa cilada, morre, juntamente com a sua secretária Arajaryr Campos, perto de Badajoz, às mãos de uma brigada da PIDE chefiada por Rosa Casaco.

O Público nem nas páginas interiores refere a efeméride.

O jornalismo português é assim.

Os 30 anos de carreira de Cristiano Ronaldo são muito mais importantes porque vendem papel, de Humberto Delgado muitos portugueses nem sequer sabem quem foi.

Luís Osório, em editorial no jornal i, abordando a intenção de baptizar o Aeroporto da Portela com o nome de Humberto Delgado, escreve:

Humberto Delgado assustava Salazar por não ser um democrata, mas sim um militar. Um militar que acreditava nalguns princípios semelhantes aos do Estado Novo. Era um homem da ordem. Ajudou na juventude a implementar a ditadura contra os republicanos. Foi anticomunista uma grande parte da sua vida. Apoiou Hitler quase até ao fim da Segunda Guerra Mundial. Foi mais radical que o próprio Salazar durante vários anos.
Delgado mudou a sua cabeça nos anos que viveu nos Estados Unidos, onde desempenhou funções de adido militar na embaixada portuguesa em Washington e na NATO. Há quem diga que teve ligações à CIA.

O que fui lendo sobre Delgado merece a observação que, acima de tudo, se tratava de um militar, mas um militar, como a esmagadora maioria, sem qualquer formação política, sem cultura.

Autoritário e de uma ingenuidade assustadora, que conduziu morte.


Essa ingenuidade, que um certo sector da oposição não conseguiu destrinçar, levou a uma série de dramáticos episódios que dificultaram – e muito -  a luta contra a ditadura de Salazar.

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