segunda-feira, 6 de novembro de 2017

OLHAR AS CAPAS


Cacilheiros

Luís Miguel Correia
Aguarelas: Rodrigo Bettencourt da Câmara
Fotografias: Francisco Sequeira Cabral e Luís Miguel Correia
Edições Iniciativas Náuticas, Lisboa 1996

Num movimento permanente de barcos, cais e gente, os cacilheiros espraiam-se discretos por entre a luminosidade brilhante do Tejo, os cascos laranja inconfundíveis, as proas rumo a Belém, Cacilhas, ao Cais do Sodré, ao Montijo, ao Porto Brandão, ao Seixal, ao Terreiro do Paço, à Trafaria…
À popa, a mesma esteira branca salpicada de azul em tempos desenhada por velhos barcos das carreiras de Pedrouços, da Cova do Vapor ou de Alcochete. Já se chamaram Progresso e Victória, Flecha e Renascer.
Hoje continuam a chamar-lhes cacilheiros e são personagens de uma Lisboa marítima de séculos, paisagem do rio e suas cidades, num quadro que a geografia e a história foram desenhando com o tempo. Quem, do castelo de São Jorge ou do forte de Almada olhar o Tejo vê sempre, entre cais e navios, os cacilheiros nas suas travessias sucessivas, parte do quotidiano dos noventa mil passageiros que todos os dias atravessam o rio.

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