domingo, 8 de setembro de 2019

OLHAR AS CAPAS


Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa

Selecção , prefácio de Eugénio de Andarde
Campo das Letras, Porto, Dezembro de 2002


Onde mora a memória obscura, onde
esse cavalo persiste como um relâmpago de pedra,
onde o corpo se nega, onde a noite ensurdece,
caminho sobre pedras na minha casa pobre.

Não conheço esse lago, não fui a esse país.
Mas aqui é um termo ou princípio novo.
Com a baba do cavalo, com os seus nervos mais finos
reconstruí o corpo, silenciei os membros.

Não se estancou a sede, no mesmo caos de agora,
mas a língua rebenta, as vértebras estalam
por uma nova língua por um cavalo que una

a terra à tua boca, e a tua boca à água.

Poema de António Ramos Rosa

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