quinta-feira, 5 de novembro de 2020

CONVERSANDO


 Funeral Blues é um poema de W.H. Auden.

Passou a ser mundialmente conhecido pelo filme de Mike Newell,  Quatro Casamentos e um Funeral.

Na morte do seu amigo e amante, Gareth não encontra melhores palavras para o evocar do que o poema Funeral Blues.


Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message ‘He is Dead’.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.

A tradução do poema, que reproduzimos a seguir, é de Maria de Lurdes Guimarães copiada da revista Ler, nº32, Outono 1995:

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,

Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele está morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele está morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre, mas enganei-me.

Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o Sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.

O cantor escocês Nemo Shaw compôs uma melodia para o poema de H.W. Auden.

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