sábado, 14 de novembro de 2020

CONVERSANDO

Nasceu cinzento o 1º sábado de confinamento no país-do-quero-lá-saber-quem-vier-atrás-que-feche-a-porta.

Lembra-se que em Vladimir Ilitch leu que quando quisermos nos enforcar, os burgueses perfilar-se-ão para nos venderem a corda.

Mas também não sabe por que se lembrou disto.

Achou melhor encontrar uma musiquinha que sirva para combater o bicho.

Um Bruce Springsteen na abertura do concerto em Dublin, 2007, com os The Session Band.

«Por essa altura, aconteceu outra coisa muito auspiciosa. Um homem em Boston «vira o futuro do rock’n’roll», e esse futuro era… eu. Tocáramos no Harvard Square Theater, na abertura para a Bonnie Rait (Deus a abençoe, pois foi uma das poucas artistas que naquela época, nos deixou abrir para ela mais do que uma vez). O repórter que lá estava em nome do Real Paper, o Jon Landau, perdeu a cabeça na crítica e escreveu um dos maiores salva-vidas de todos os tempos.

Foi uma apreciação de um genuíno fã, escrita de forma muito bonita, sobre o poder e significado do rock’n’roll, da sensação de espaço e continuidade que traz às nossas vidas, a comunidade que não pode deixar de fortalecer e a solidão que mitiga. Nessa noite em Boston, conduzimos a banda com os nossos corações e foi isso que o Jon fez. A famosa citação surgiu em referência aos pensamentos de Jon acerca do passado, do presente e do futuro da música que ele adorava, do poder que tivera outrora sobre ele e da sua capacidade para se renovar e transmitir de novo esse poder à sua vida. Por mais que tenha ajudado e sido um fardo (a longo prazo, diria que foi mais uma ajuda do que um fardo), que fosse a «citação ouvida por todo o mundo», foi sempre tomada um pouco fora do contexto, e as suas adoráveis subtilezas perderem-se… mas, hoje em dia, quem se importa com isso?! E se alguém tinha de ser o futuro, porque não ser seu.»

Bruce Springsteen em Born To Run

1.

Parece que estão fechados os resultados das presidenciais norte-americanas.

Joe Biden tem 78 milhões de votos e 306 grandes eleitores, Donald Trump tem 72,7 milhões de votos e 232 grandes eleitores.

Ontem, Trump esteve quase a dizer que aceita a derrota.

Quase… mas não tardará a chegada do dia em que a realidade lhe entrará pela cabeleira dentro.

Contudo, os apaniguados, gente que não se recomenda, continuam a berrar que roubaram a Trump 2,5 milhões de votos.

Não se sabe onde, nem como.

Coisa para o FBI investigar.

2.

Olhando os dias que Gonçalo M. Tavares coloca em cadernos, verifiquei que falava de um louco que garantia que era por estar descalço que os dias terminavam mais cedo. Falou-lhe no Inverno, ele abanou a cabeça e garantiu que não. Os dias acabavam mais cedo porque ele tinha deixado de usar sapatos.

3.

Dizem que a televisão fez diminuir a convivência. Não será as dificuldades na convivência que introduz o poder da televisão?

4.

É comum dizer-se que não se morre quando se quer, mas quando se pode.


Legenda: fotografia de Edith-Claire Gérin.

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