quinta-feira, 26 de outubro de 2023

EM BUSCA DE FLORES AZUIS NO DESERTO


Uma guerra religiosa?

É mais qualquer coisa, e não é pouco.

No Outro Lado das Estantes da Biblioteca da Casa está um calhamaço com mais de 700 páginas que dá pelo nome de História das Religiões de Chantepie De La Saussaye.

Li-o pelos 16/17 anos.

Meti-me depois com o Albert Camus, o Bertrand Russell.

Fiquei a saber que a religião não seria um problema da minha vida.

Respeito quem tem fé, os deuses em que acreditam e lhes atenuam as dúvidas e as dores, tal como alguém deixou dito:

Só Deus sabe da tranquilidade do meu ateísmo e do respeito que tenho pela fé dos outros.

José Saramago no discurso que proferiu aquando da atribuição do Prémio Nobel disse:

«As religiões nunca serviram para aproximar os homens, e a mai absurda de todas as guerras é uma guerra religiosa, tendo em consideração que Deus não pode, ainda que o quisesse, declarar guerra a si próprio.»

1.

Como é que os judeus que tanto sofreram, podem esquecer aquilo por que passaram?

«Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são.»

Estas palavras foram proferidas por Paddy Cosgrave, CEO da Web Summitt que, face ao escândalo que provocaram ente israelitas e seus apoiantes, acabou por se demitir do cargo.

2.

Israel, face a um discurso de António Gueteres, Secretário-Geral da ONU, decidiu negar vistos aos representantes da Organização que queiram dirigir-se ao país e já recusaram o visto a Martin Griffiths.  

 «Chegou a altura de lhes dar uma lição», declarou o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan.

O que disse Guterres?

«O povo palestiniano foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante. Viram a sua terra constantemente devastada por colonatos, assolada por violência, a sua economia esmagada, as suas populações deslocadas e as suas casas demolidas

O sofrimento do povo palestiniano não pode justificar os terríveis ataques do Hamas, mas que isso, por seu lado, não podia fundamentar as claras violações da Lei Internacional em Gaza.

Israel chegou ao ponde de exigir a demissão de António Guterres do cargo de Secretário Geral da ONU.

3.

«Desde o dia 7 de Outubro, há um estribilho vindo de longe que atravessou trevas e sofrimentos para desaguar mais uma vez no discurso de muitos colunistas regulares ou esporádicos da imprensa: “Não tenho palavras”. Seríamos levados a pensar que se trata da confissão derradeira de um naufrágio linguístico do pensamento, ou do desespero que antecede o sucumbir, como acontece na ópera de Schönberg Moses und Aron, quando Moisés pronuncia a sua última réplica, que fez correr rios de tinta: “O Wort, du Wort, das mir fehlt!” (“Oh palavra, tu palavra, que me faltas”). Mas não, até agora não vi ninguém sucumbir depois de gritar publicamente o seu desespero linguístico; pelo contrário, essa afirmação antecede ou culmina quase sempre uma animada tagarelice.»


António Guerreiro no suplemento Ipsilon do Público

4.

« Não vamos ceder. Permaneceremos na nossa Terra.»

Mahmoud Abbas, presidente palestino.

5.

«Se me perguntar qual é a natureza do conflito entre palestinianos e israelitas hoje, respondo numa palavra: terra, nada mais. E eu quero que os israelitas deixem de se apoderar das nossas terras, porque é isso que fazem. O que realmente magoa é que nós, palestinianos, reconhecemos o Estado de Israel em 1988, há já 20 e tal anos. Aceitámos viver num Estado que se resume a 22% do que era a antiga Palestina. E Israel — que nós reconhecemos — ocupa 78% do nosso território. Todos os dias se constroem mais colonatos judeus e aqui chegam mais pessoas, criando-se uma realidade conflitual no terreno. É uma tragédia em curso.»
Suad Amiry, escritora palestina.

6.

A Câmara dos Representantes dos EUA, de maioria republicana, aprovou, hoje, uma resolução que reforça o apoio a Israel e exige que o grupo islâmico palestiniano Hamas cesse os seus ataques contra o Estado judaico.

Os deputados aprovaram a resolução sobre Israel com 412 votos a favor e 10 contra. O texto reconhece que Israel é um parceiro estratégico dos EUA.

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