quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

OLHAR AS CAPAS


Fotobiografia de José Gomes Ferreira

Raúl Hestnes Ferreira, Alexandre Vargas Ferreira
Capa de Fernando Rodrigues com foto de Armindo Cardoso
Publicações Dom Quixote
Lisboa, Novembro de 2001

Lembro-me do Zé Gomes em Galamares. Lembro-me dele no Bocage. Lembro-me dele no Monte Carlo. Em Albarraque. Em casas várias que chegavam a parecer o mundo todo – em casa dele, do Carlos, do Cochofel, do Mário. Lembro-me muito dele. E prefiro relê-lo nas edições da Portugália. Cresci a ler poemas do Zé Gomes, em voz baixa e voz alta, a “copiá-los”, a “passá-los”, a “transferi-los”, a “reproduzi-los, e até a ensiná-los” /que coisa absurda!...).
Cresci a cantá-los, com a boca cheia do gosto das palavras censuradas e o entusiasmo das práticas proibidas: no céu e na canção, havia mesmo estrelas vermelhas, o vermelho era mesmo a cora das papoilas e da “nossa” bandeira o que as palavras impressas nas “Marchas, Danças e Canções” tinham tido que mascarar…
Cresci a passar a memória das “Vozes ao Alto” e a contrariar os lugares comuns que, com o tempo, se vão instalando: não é ao “som” desta canção, é ao “sol” desta canção.

(Do depoimento de Eduarda Dionísio).

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