sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

QUOTIDIANOS



No Centro de Saúde os médicos começam a trabalhar às 09,00 horas.

O expediente abre às 08,00 horas.

Tinha médico de família, mas com as reformas dos últimos meses do ano passado, uma autêntica debandada, fiquei sem médico.

Os médicos que se reformaram não foram substituídos.

Não há dados precisos sobre o número de pessoas que perderam o médico assistente no seu centro de saúde. Se antes se falava em cerca de 400 mil portugueses sem médico de família, a ministra da Saúde admitiu há dias que agora serão 500 mil. Alguém me disse que poderão ser 600 mil.

Antes, para obter uma receita, deixava a lista dos medicamentos no posto médico e no dia seguinte poderia ir buscá-la.

Sem médico de família atribuído, não posso deixar a lista dos medicamentos, e para obter uma receita tenho que ter uma consulta. Para marcar consulta tenho que ir manhã cedo e tentar ser atendido por um médico de reforço que, por ali, esteja a fazer serviço.

Na vez primeira apareci um pouco depois das sete meia, tinha a senha nº 16 e já não consegui vaga. Passei a ir, pouco depois das sete, para a porta do posto, e é assim que tenho obtido as receitas. Mas, mesmo assim, quando lá chego já sou o sétimo ou o oitavo. Há utentes, principalmente idosos, que se levantam às 5 da manhã para que seja possível obter uma consulta. Agora as manhãs são escuras e nem um livro se pode ler enquanto aguardo a abertura da porta. Fico a ouvir as conversas. São sempre desabafos tristes, por vezes dramáticos, e, não poucas vezes, lá aparece o lamento, o que nos está a fazer falta é um outro Salazar.

Passaram anos e anos, mesmo muitos, a exigir altíssimas médias para se entrar medicina e agora não há formados suficientes para colmatar as saídas que se verificaram, que continuam a verificar-se.

Uma reportagem do “Público” dava conta que se chegou ao ponto de haver médicos que se reformaram e, mais tarde, voltaram, através de empresas de prestação de serviços, a trabalhar para o Serviço Nacional de Saúde, e a ganharem muito mais.

Não temos médicos mas temos das maiores redes de auto estradas da Europa, grande parte delas, quase desertas de automóveis.

Quem quer saúde, paga-a! – assim, falava um qualquer ministro no século passado…

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