quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O PIOLHO DA AMADORA


Também a Amadora tinha o seu Piolho, em contraponto ao então moderno Cine-Teatro Lido, de que falarei depois. o Piolho da Amadora era imponente, a fazer lembrar um velho Nobre falido, mas com porte. O seu nome verdadeiro era “Recreios Desportivos da Amadora”, sala do início do Séc. XX, que como disse antes, teria testemunhado espectáculos dos melhores artistas de então. A modernidade transformou a outrora sala de teatro e ópera, num cinema, mas manteve o seu interior inalterável. Lembro-me de uma sala. Já um pouco degradada, mas que mantinha o seu balcão, plateia, e ainda os camarotes e frisas, onde de quando em vez o pessoal ia, juntando-se em grupos de 5 e colocando um ar de circunstância, lá iam 5 putos para um camarote, sentados em cadeiras velhas, mas sentindo-se os Reis da Malta. Foi o primeiro cinema onde me lembro de ter ido sem a companhia da minha Mãe, com quem me habituei a gostar da 7ª Arte, é verdade que ela sempre gostou mais daquelas coisas esquisitas da “Sissi Jovem Imperatriz”, mas levava-me a ver tudo o que era filmes da Disney, especialmente ao “Condes”. Lembro-me que era um acontecimento, não se ia ao Cinema assim de qualquer forma, punhamos a roupa melhor, e lá íamos, com sorte ainda se comia um pacote de bolachas de baunilha ou um nogat. Mas a fase do Piolho foi para ver outros filmes, sendo um cinema de reposições, os primeiro filmes de que tenho memória de lá ir ver foram os do Cantiflas, as coboiadas do Trinitá, que eram, usando uma expressão do meu Pai, de “Porrada de criar bixo”. Lembro-me também de ver os “Herbies” da Carocha dos Diabos. E muitos mais ao longo dos anos, mesmo quando num último assomo de modernidade, o Piolho foi remodelado e rebaptizado de “Cine Plaza”, passando então a apresentar extreias. Um dos grandes momentos de que me recordo, foi no filme “Fuga para a Vitória” o pessoal todo da assistência a gritar “GOLO”, de cada vez que a equipa dos prisioneiros marcava, naquele espectáculo de Pelé e Ardilles. E o momento em que ainda com 10 anos conseguia entrar num filme para maiores de 12, fazendo um ar de mais velho ao estender o bilhete para o porteiro, no tempo em que eles ainda controlavam essas coisas. E depois assistir ao “Documentário”, normalmente sobre a fauna Africana e comentado com sotaque brasileiro, depois aos “Desenhos Animados”, e finalmente ao grande filme. Era mesmo um acontecimento ir ao Cinema, não sou um cinéfilo, mas sempre gostei muito de “Ir ao cinema” ! Obrigado Piolho.

1 comentário:

Miguel disse...

Piolho de grande luxo, esse...! De paletó e cartola! Em comparação com os de Lisboa...

Eu vi o "Trinita, Cowboy Insolente" no Aviz. Imagina que no outro dia deu-me a nostalgia, comprei o DVD e vi-o de uma penada!

Só não encontro a Marisol no "Tômbula", mas isso é coisa que tu já não sabes o que é...

Tem calmantes à mão...

Abraço!