quinta-feira, 3 de novembro de 2011

POSTAIS SEM SELO


Eu tive uma educação positivista. Cresci com a esperança de que o mundo pudesse fazer sentido, de que os actos generosos tivessem sempre as mesmas consequências, de que a justiça funcionasse como bem absoluto. Para a criança que fui, o fatalismo, o inevitável, a pequenez provinham dos universos sociais, religiosos, analfabetos. O sentido trágico do mundo caiu sobre mim quando eu já não tinha protecção, a não ser a da cultura grega. Foi ela que me ajudou a aceitar o carácter cego do destino humano por meio da única solução possível, a beleza da criação.

Hélia Correia

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