terça-feira, 21 de outubro de 2014

QUOTIDIANOS


Fui, com o desejo de aprender como é a América. E não estava certo de estar aprendendo fosse o que fosse. Descobri que estava a falar em voz alta para o Charley. Ele gosta da ideia, mas o processo faz-lhe sono.
- Aqui só para nós, vamos tentar o que os meus rapazes chamariam fazer as generalidades dançar o jazz. Vamos pôr-lhe títulos e subtítulos. Consideremos a comida, tal como a encontrámos. É mais que possível que nas cidades que atravessámos acossados pelo tráfego haja bons e famosos restaurantes com ementas deliciosas. Mas nos sítios onde se come ao longo das estradas a comida foi asseada, sem sabor, sem cor e de uma completa uniformidade. É quase como se os fregueses não tivessem interesse no que comem, conquanto que não tenha características  que os atrapalhem. Isso é verdade quanto a tudo excepto quanto aos pequenos almoços, que são uniformemente maravilhosos se comermos só bacon com ovos e batatas fritas. À beira das estradas nunca tive um jantar realmente bom nem um pequeno almoço realmente mau. O bacon ou as salsichas eram bons e acondicionados na fábrica, os ovos frescos ou conservados frescos pela refrigeração, e a refrigeração era universal.

John Steineck em Viagens com o Charley

Legenda: pintura de Edward Hopper

1 comentário:

Seve disse...

Realmente isto é a América!
-e eu nunca lá fui-