domingo, 8 de fevereiro de 2015

CÉSAR DIXIT!


… como uma banana e tenho vontade de rir (o que é bom sinal) porque sei, atrvés do Musil, que é preciso viver em humor e desespero.

Estamos em Lisboa, cidade ridícula, e escusamos de excitar as imaginações na representação de amores sublimes e contrariados.

Afinal, o idiota é muito mais idiota do que, à primeira vista se podia imaginar. Além de idiota é reincidente, o que é deplorável. Adiante.

São 10 da noite. Estou a escrever no Monte Carlo, onde só há homens. Precisava de apanhar o Fernando para lhe cravar umas aguardentes. É meu desejo estar completamente grosso por volta da meia-noite e com o espírito propenso à obscenidade. Se arranjasse 100 paus ia às putas. Deve ser fabuloso ir às putas na noite de Natal. Duvido é que haja alguém que esteja para me aturar a bebedeira por 100 paus.
"Não estamos em Itália, não há grappa alla ruta, não há comoções nocturnas da Zé, não há nada. Nem sequer o direito ao vómito. Não há nada, mas ainda há vida. Ainda estrebucho, minha senhora. Ainda digo merda e embarco no tudo ou nada do amor. Ainda me jogo inteiro no real e no possível, no confronto entre o que sou e o que podia ser. Ainda simpatizo (ao longe é certo) com as lutas históricas do proletariado de todo o Mundo.

De Cartas a Belisa em Uma Semana Noutra Cidade

Legenda: imagem de A Comédia de Deus

Sem comentários: