Opus Dei?
Antes Opus Night que, por sinal, é um personagem dos contos de A Cavalo no Diabo do José Cardoso Pires
Gente que,
eternamente, não se enxerga.
Esta gente vive
nas trevas seculares.
Nem o reino dos céus os aguarda!
A Idade Média já foi, mas parece que deixou rasto até
hoje. Leio num jornal que existe um novo Index, uma lista negra de
livros e autores banidos pela Opus Dei, que proíbe terminantemente os seus
membros de os ler. Entre eles, está, evidentemente, Saramago e os
seus Evangelho Segundo Jesus Cristo e Caim; mas, se pensava que
eram só os livros que de algum modo provocam a Igreja católica a estar no rol,
desengane-se, porque são mais de 30 000 os títulos dele constantes – e alguns
são de pasmar, como O Primo Basílio, de Eça de Queirós, ou O Dia dos
Prodígios, de Lídia Jorge. A Sociedade Portuguesa de Autores já repudiou a
lista, no que ela tem de atentado à liberdade de expressão, e o mesmo fizeram
os autores visados que acharam que a Opus Dei devia ter vergonha de nomear
livros para a fogueira no século XXI. Porém, os especialistas em Direito
defendem que, do ponto de vista legal, a lista é inatacável e que, por isso, o
Estado não pode aplicar sanções. Mas imagine-se que a organização proibia os
seus membros de ler Os Maias, que faz parte das metas curriculares e é de
leitura obrigatória pelos alunos. Os jovens filhos de membros da Opus Dei
prefeririam chumbar a desobedecer aos pais? Está tudo louco, digo eu.
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