Ao
Sabor da Música
António
Cartaxo
Capa:
José Serrão
Colecção:
Caminho da Música nº 11
Editorial
Caminho, Lisboa, Outubro de 1996
As histórias foram sendo contadas, estimuladas por instantâneos de uma relação emotiva com a música. Um dia fui ouvir Maria João Pires num recital em que tocava a Sonata D. 960, de Schubert. Eu conhecia a sonata, embora não me tivesse merecido ainda a atenção sensibilizada que pouco tempo depois se traduziria por uma sedução. Para o concerto da nossa pianista, levava eu o conhecimento de uma só interpretação da D. 960, por Lazaar Berman. Este grande pianista russo dava-nos na sua gravação uma suave leitura, ternura quase simplicidade franciscana, da última sonata de Schubert. E agora, Maria João Pires, depois da poesia e da doce introspecção do segundo andamento, articulava com persuasão e alegria, espontânea energia no final, num equilíbrio emocional perfeito, esta obra máxima do romantismo pianístico. Essa noite na Gulbenkian pôs-me a pensar na sonata que eu conhecia, a tal de Lazaar, que outra parecia que não a de Maria João Pires. Não digo melhor nem pior, mas diferente.
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