terça-feira, 9 de novembro de 2021

OLHAR AS CAPAS


As Loucuras de Brooklyn

Paul Auster

Tradução: José Vieira de Lima

Asa Editores, Porto, Abril de 2006

Eu andava à procura de um sítio sossegado para morrer. Houve alguém que me recomendou Brooklyn, de maneira que, na manhã seguinte, viajei de Westchester até Brooklyn para fazer uma espécie de reconhecimento do terreno. Em cinquenta e seis anos, nunca lá tinha voltado e já não me lembrava de nada. Tinha três anos quando os meus pais deixaram Nova Iorque, mas instintivamente, senti-me a regressar à zona onde vivêramos, rastejando de volta ao local onde nascera como um cão ferido desejosos de reencontrar a sua casa. Um agente imobiliário local levou-me a ver seis ou sete apartamentos brownstone e. ao fim da tarde, já eu tinha alugado um T2 com jardim na First Street, a meio quarteirão, se tanto, do Prospect Park. Não fazia ideia de quem poderiam ser os meus vizinhos e estava-me nas tintas. Tinham todos empregos das nove às cinco, nenhum deles tinha crianças e, portanto, o prédio seria relativamente silencioso. Mais do que tudo, era isso que eu desejava – ardentemente. Um fim silencioso para a minha triste e ridícula vida.

1 comentário:

Seve disse...

Excelente, como achei todos os que li deste excelente escritor norte americano.

Vale a pena ler este autor.

Dos publicados em Portugal só não li ainda "A TRILOGIA DE NOVA IRQUE" e os dois últimos, uns calhamaços com mais de 800 páginas cada um -"4711" e "UM HOMEM EM CHAMAS" - (por acaso, do 4711, nem me teceram os melhores comentários).

É um autor de que gosto muito e que aconselho.